27/02/08

A Escolinha

Na escola da minha filha há pinturas que fazem sonhar. Estão por todo o lado, dentro e fora daquela casa tão acolhedora, onde o reboliço constante da criançada, a azáfama das cozinheiras, o empenho das educadoras e o sorriso da directora me dão todos os dias vontade de voltar a ser criança.

Há dias, enquanto esperava, no recreio, que se abrisse a porta do refeitório para entrar com a turma e as educadoras da minha filha e partilhar o seu bolo de aniversário, reparei nesta simpática minhoca. Passou logo a ser a minha preferida, de entre todas as pinturas que animam o velho edifício, sempre de cara lavada e alegre.

E vocês... não gostavam de ter andado numa escola assim?

21/02/08

Tons infinitos


Olho para o céu e para o rio e penso muitas vezes nas cores que usaria se os fosse pintar. Provavelmente faria uma mistura entre azul, preto, branco e depois ficaria frustrada com o resultado e com o facto de as aguarelas terem ficado todas sujas. A antevisão dessa frustração faz-me descartar a ideia de pintar seja o que for.

Outras vezes pasmo com a variedade de tons que o rio assume. Parece que não é só conforme os tons do céu... como se na cor do rio houvesse também tons que reflectissem os seus sentimentos. Ou talvez os meus. E ponho-me a imaginar como seria um blogue em que eu publicaria todos os dias uma fotografia diferente da mesma vista do rio e tentaria descrever a especificidade da cor dele. Inevitavelmente, antevejo a frustração de querer arranjar termos diferentes para descrever a cor do rio sempre de forma nova, sem conseguir.

Once in a while

boomp3.com

Hoje e sempre

Continuo a cozinhar porque tem de ser, mas sempre a mesma coisa. A inspiração falta-me, o entusiasmo também. Só me resta a concentração com que, na cozinha, me distraio do resto.

Saio de casa com satisfação. É um prazer ir trabalhar. Só gostava de poder dar, aqui, a continuidade necessária ao que faço lá fora. O professor tem a ingrata e quase impossível missão de estar constantemente a tentar trabalhar quando todos pensam que ele não precisa de o fazer.

No elevador reassalta-me um dilema por resolver: porque é que soa uma campainha (irritante) quando chegamos a um andar qualquer, se esse som não serve para nada - nem para orientar um cego que pretenda saber se chegou ao seu destino? Resignadamente, abafo o som com a manga do casaco, para que o Vicente não acorde antes do tempo.

15/02/08

Pois é...

O Fernando diz que eu não vou conseguir deixar de escrever, que isto é viciante.
Pois é, Fernando, é viciante! Mas acontece que eu tenho mais três blogues, um dos quais é obrigação profissional. E o tempo, realmente, não estica!
O Carlos diz que os blogues são para quem não tem mais nada que fazer. Eu acho que ele tem razão. Talvez acrescentasse apenas: "ou para quem tem, mas não quer fazer." Porque quando se tem mais que fazer e se quer fazer esse "mais", de facto, o blogue torna-se uma actividade supérflua, uma perda de tempo.
E há uma coisa que me incomoda: é ter tão pouco tempo, que acabo por usar os poucos minutos que consigo para escrever apenas, sem no entanto ler os blogues dos meus amigos. Há meses que não visito as vossas páginas e sinto-me mal por isso. Nesse sentido, não escrever é uma espécie de castigo: se não podes ler o que os outros escrevem, então também não podes escrever. Porque não me parece justo querer ser lida e não fazer o mesmo!
E agora, desculpem-me, vou voltar ao trabalho, ao Vicente e à casa.

13/02/08

Actividade suspensa por tempo indeterminado

Não consigo continuar a escrever aqui. Por mais que queira, não dá.
Sei que me arrisco a perder os meus leitores, se continuar sem publicar nada durante tantos dias seguidos. É natural que as pessoas se fartem de cá vir e ver tudo na mesma. E qual é o problema? Nenhum, evidentemente. Gosto muito que me leiam, escrevo para isso. Mas não posso deixar que isso condicione a minha vida.
Regresso ao trabalho cheia de vontade, apesar de estar condenada, à partida, a bater com a cabeça na parede, mais uma vez. Os alunos ainda nem me conhecem e já não têm vontade de ter aulas comigo (o que é que os outros lhes terão andado a dizer?). Parece que, quanto mais adversas são as circunstâncias, mais eu me entusiasmo. Estranho, não? Quem sabe um pouco "masoque"... Não me importo. Gosto do que faço e isso é suficiente para não me importar com o facto de os "clientes" não ficarem satisfeitos. Pelo menos por agora - no fim do ano, a conversa é outra :(
O Vicente gosta de estar em casa da avó e eu gosto que ele goste. Sinto-me feliz e aliviada, quando o deixo lá.
Inté!

07/02/08

Dia-a-dia

Anseio por trabalhar. A licença de maternidade acabou, mas os filhos continuam cá em casa, a precisar de ajuda, atenção, amor.
Olho-os nos olhos tantas vezes ao longo do dia e nunca me canso. Fixo-os e digo-lhes que são os meus grandes amores, que sou muito feliz com eles, que ser mãe deles é o melhor que me podia ter acontecido. Eles sorriem e fazem-me miminhos. É tão bom!
Mas apetece-me trabalhar. E muitas vezes não posso, porque trabalhar em casa só se consegue com muita disciplina e capacidade para ignorar os outros chamamentos, que nunca cessam.
Então, à mínima contrariedade, irrito-me.
Bolas! Não quero descarregar neles a minha frustração! Só quero poder trabalhar um pouco! E acontece uma coisa parva: quando me apercebo de que é inútil tentar dedicar-me ao trabalho no computador, em vez de me sentar no chão a brincar com os meus filhos, refugio-me na cozinha, a arrumar a loiça ou a cozinhar, como se gostasse!