Se interessa para alguma coisa escrever e manter um diário virtual, esse interesse reside na possibilidade de ter quem responda e reaja às nossas confissões. Por isso, desde já agradeço todos os comentários!
30/10/07
LADO LUNAR
26/10/07
Escrevo para me conhecer
Um dia, resolvi oferecer ao meu, no dia do Pai, uma colectânea de textos que tinha publicado noutro blogue. Antes disso, nunca tinha dito aos meus pais que (me) escrevia na Internet.
Passado algum tempo, a minha mãe disse-me que tinha gostado de ler os textos, não sem insinuar que eu talvez tivesse sido injusta, porque o meu pai nem sequer os tinha lido e era ela, afinal, quem os apreciava.
E colmatou, com adiada e melancólica supresa: "isto... se a gente não lê o que os filhos escrevem, nem os conhece!"
Eu compreendi-a e achei que tinha razão.
Até acrescentaria: se a gente não escreve, mal nos conhecemos a nós próprios!
25/10/07
Há mães e mães
No blogue Controversa Maresia, li um texto interessante sobre “as outras mães”: mães supostamente perfeitas, que não se esquecem de nada do que é importante na vida dos filhos, que são organizadas e que fazem tudo da melhor maneira para eles. Peço-vos que vão lá ler o texto e só depois leiam o meu.
Pois eu não gostava de ser como essas mães. Apesar de não ser raro envergonhar-me de ser assim distraída e algo desorganizada, de já ter, mais do que uma vez, chegado ao cúmulo de ir pôr a minha filha ao infantário num dia em que era suposto saber que estava fechado, não tenho inveja das mães que não falham, que nunca se atrasam a deixar os filhos na escola e que não acordam mal dispostas.
E mais: acho que a pessoa que escreveu o texto deve ser melhor mãe do que essas que elogia, que têm paciência para os aniversários dos amiguinhos e encetam conversas típicas de mães, enquanto as crianças “jogam à bola, apagam velinhas e comem gomas”.
Eu gosto que haja um pouco de caos na nossa vida familiar, não para que os meus filhos cresçam num ambiente desequilibrado, mas para que saibam que a vida tem dias bons e maus, que as pessoas têm atitudes parvas, dizem coisas incongruentes e arrependem-se frequentemente do que fizeram mal ou deixaram de fazer.
Eu acho bonito chorar com a minha filha, quando as duas nos apercebemos de que nenhuma de nós tinha razão. Acho engraçado que ela me apanhe descalça na casa-de-banho e me diga, sorrindo: “olha o exemplo, mãe!”. Acho normal que ela me questione sobre comportamentos desadequados, que me confronte com o meu “faz o que eu digo, não faças o que eu faço". Acho pacífico que ambas conversemos sobre o porquê de certas regras de etiqueta e que saibamos quebrá-las, apenas na intimidade alegre de um momento mais solto. Acho saudável, de vez em quando, brincar com ela na cama até estarmos as duas às gargalhadas, e depois contar-lhe duas histórias, quando já passa da hora de dormir.
Eu gosto de não ser perfeita. Parece-me importante que os meus filhos compreendam os meus limites e imperfeições, que me apanhem em falta e que me obriguem a justificar-me. E, tal como a eles nem sempre lhes apetece estar comigo, também acho natural que eles saibam que gosto de passar algum tempo sem eles. Porque à satisfação de passarmos momentos com amigos, longe uns dos outros, segue-se a alegria do reencontro, em que contamos mutuamente o que fizemos e como nos sentimos.
É claro que me repreendo cada vez que chego à previsível conclusão de que não lhes devia dar aperitivos antes do jantar, é óbvio que procuro que se deitem a horas razoáveis, que faço um esforço por lhes dar banho todos os dias, embora nem sempre consiga. Mas, mesmo quando visto a mesma roupa à Mecas no dia seguinte, mesmo quando ela se vê obrigada a perdoar-me por me ter esquecido de a ir buscar à hora que pediu, mesmo quando me entristeço por lhe ter gritado quando não era necessário, não deixo de ter a certeza de que sou uma boa mãe.
Afinal, não interessa se temos ou não fotografias deles na carteira, para exibir aos outros. O mais importante é termo-los bem abraçados dentro do nosso coração.
23/10/07
A GRAMÁTICA JÁ NÃO FUNCIONA!
22/10/07
AMIGA VIP
- Olha, filha, a mãe da Matilde diz que ela vai agora ao médico e que depois dá notícias.
- A sério, mãe? Ela vai aparecer em todas as revistas?
MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE...
Hoje tive a estranha sensação de receber um e-mail de mim própria, apesar de não o ter escrito.
Uma amiga confessa-me que tem a mania das arrumações e que isso prejudica a sua relação com o marido e os filhos, descrevendo cenas que parecem saídas da minha vida. Pior, sentimentos que parecem saídos cá de dentro, sentidos tão intensamente e há tão pouco tempo.
A minha reacção às palavras dela, depois de ter reflectido um pouco, foi pensar que, de facto, as mulheres devem mesmo ser todas iguais. Pelo menos as que levam uma vida semelhante: vivendo com um homem e um ou mais filhos.
Fico com a sensação de que encarnamos todas um triste paradoxo, pois passamos a maior parte do tempo a reclamar porque temos de fazer tudo sozinhas e os intervalos a dizer aos nossos maridos que deixem estar, que não ajudem, muitas vezes com a mal contida (e estúpida) certeza de que eles não sabem fazer as coisas tão bem como nós.
Das duas uma: ou eles são uns queridos e insistem, apesar da nossa teimosia, e conseguem aspirar o quarto quando nos apanham desprevenidas; ou desistem, porque não estão para se chatear e, afinal, nós até lhes demos todas as deixas necessárias para que deixassem de nos ajudar.
Mas não há homens com a mania das arrumações? Há, certamente. Nesse caso, o que acontece? Não sei. Provavelmente não se casam. Porque as mulheres se sentem ameaçadas por um homem desses: um homem como elas, que assuma o papel que lhes é tão caro. (Desculpem as generalizações que estou para aqui a fazer, mas gosto de pensar que não sou a única.) As mulheres fazem questão de assumir o papel de vítima do casal: aquela que tem o triplo das responsabilidades e das tarefas (emprego, casa, filhos) e que, assim, tem razão para se lamentar a vida inteira. Que outro motivo poderá justificar o facto de nos queixarmos de não termos tempo para nada e ao mesmo tempo dispensarmos a ajuda deles?
E que estas generalizações não ofendam ninguém, porque na verdade eu estou é a confessar-me no plural.
Quanto a mulheres desarrumadas, que não cozinhem e se estejam a borrifar para as responsabilidades domésticas e maternas, sinceramente, não acredito que existam. Se não forem boas mães, são arrumadas ou gostam de cozinhar. Se não gostam de cozinhar, são boas mães ou são arrumadas. Se são desarrumadas, são boas mães ou gostam de cozinhar.
11/10/07
O que fazer com os restos do frango assado?
Amassar farinha com água morna, uma pitada de sal e um fio de azeite e deixar descansar meia hora. Depois estender até que fique bem fina, com a ajuda de um rolo. Ligar o forno e espalhar por cima da massa (já num tabuleiro salpicado com farinha) um pouco de azeite, depois umas colheres de molho ou polpa de tomate e uma porção generosa de queijo mozzarela. Por cima, deitar os pedacinhos de frango, algumas rodelas de cebola e de banana, enfeitar com azeitonas, regar com natas e polvilhar com orégãos. Quando sai do forno, comer logo, se possível com salada mista a acompanhar. Vale a pena!
Não esquecer de passar por água e deitar num contentor de lixo reciclável a
embalagem de alumínio onde vinha o frango assado!
09/10/07
VISITA AO ZOO
TEORIA
PRÁTICA
Passada esta primeira provação, mais de meia hora depois, começo a mostrar-lhe os animais que se escondem por trás dos muros e redes, procurando seguir o percurso mais interessante e variado. Não tarda, ela pede a maçã que eu lhe tinha levado e, enquanto come, vai perdendo o entusiasmo pelo passeio e andando cada vez mais devagar, até que começa a dizer que está cansada e que quer ir para casa.
A multidão que deambulava à nossa volta parecia bem mais animada. Davam comida a todos os animais, apesar dos pedidos em contrário, afixados em locais bem visíveis. “Ó mãe, também quero dar uma folha à girafa!”, pede-me ela. Explico-lhe que não pode ser, que as outras pessoas estão a proceder mal. O interesse que ainda lhe restava esvai-se com este meu moralismo inoportuno. Evito os olhares desdenhosos dos outros, que me ouviram criticá-los.
Arrasto-a pelos caminhos, esforçando-me em vão por lhe dar informações curiosas sobre os animais. “Olha aquela mamã orangotango, com um filhote ao colo!” Quando ela olha, os dois animais, deitados e de costas, parecem um rolo de carpete cor de laranja. “Olha aquele lince tão bonito!” Mas o bicho tem um ar triste... e parece apenas um gato sobrealimentado.
Compro-lhe um gelado e descansamos um pouco. Mas ela não quer comer o gelado que escolheu. Obrigo-a, depois de me zangar. E enquanto estamos sentados, ela só pensa em ir embora para casa.
Por fim, anima-se com... um parque infantil. O parque infantil mais caro onde já pôs os pés! Espero pacientemente, mas as miúdas que lá estavam fazem-na magoar-se no balancé, tal a força com que o movimentaram. Enquanto ela choraminga, levo-a até aos pelicanos, pois está quase na hora de as tratadoras os alimentarem. Ela parece mais contente, voltando a sorrir, com aquela divertida, mas curta exibição. E eis que estamos perto da saída do jardim. Mas eu estava decidida a fazer daquela uma experiência inesquecível. E a fazer valer os quarenta euros que gastara! Afinal, faltavam apenas vinte minutos para o espectáculo da baía dos golfinhos, que estava incluído no preço dos bilhetes. Ouço outro pai dizer ao filho, que também mostrava sinais de cansaço: “Sabes, para estarmos aqui gastámos muuuuito dinheiro. Por isso, agora vamos cá ficar até termos visto tudo o que há para ver!”
Quando chegamos à baía dos golfinhos, a multidão já ocupava quase todas as bancadas. Felizmente, ainda conseguimos lugares lá em cima, bem longe das colunas de som. Durante o espectáculo, dei de mamar ao Vicente e mudei-lhe a fralda duas vezes, enquanto me maravilhava com a beleza e a paciência de leões marinhos e golfinhos. “Ó mãe, aquele menino tem o mapa que eu também tenho! Podes dar-me?” Ela distraía-se com tudo, menos com o que era suposto apreciar. Eu só sabia repetir, já com visível irritação: “Vê o espectáculo! Olha! Agora! Não estavas a olhar!”
Quando acabou, foi um alívio para todos.
CONCLUSÃO
04/10/07
A razão do silêncio
O seu olhar parece-me uma verdadeira bênção.
O som do riso dele parece-me a mais bela canção da natureza.
Os seus movimentos parecem-me muito mais interessantes do que o melhor livro, o melhor filme.
A sua pele parece ter uma substância viciante que me faz beijá-la continuamente.
O tempo passado ao computador parece um perfeito desperdício!...