14/09/07

Estranhos estranhos


A minha amiga Vida de Praia, na sua "sacola", confessa que não tem a mínima paciência para aqueles estranhos que metem conversa connosco nas filas de supermercado ou nas paragens de autocarro, e que nos obrigam a dizer qualquer coisa quando preferíamos estar calados e sossegados.

Pois eu – e não é por saber que responder-lhes estimula o cérebro! – sempre achei graça a essas conversas que se geram assim espontânea e inesperadamente, pelo potencial que elas representam e pela forma sempre surpreendente como as pessoas se revelam nessas coisas aparentemente insignificantes que dizem.

É verdade que nunca sou a primeira a encetar uma dessas conversas, mas acho sempre interessante que me dirijam a palavra, nem que seja para depois escrever um post sobre isso. E lembro-me sempre de algo que uma professora de Cultura Portuguesa disse uma vez, que me fez pensar, e que era isto: hoje em dia, se entrarmos num autocarro onde só está um passageiro, não nos sentamos ao lado dele – aliás, ele até estranharia se o fizéssemos. Mas na Idade Média, se houvesse autocarros, aconteceria o contrário: o passageiro ficaria melindrado se nos sentássemos longe dele.

5 comentários:

Anónimo disse...

Interessante esta pequena história do autocarro. Não sabia...
O que terá mudado desde a Idade Média até agora?

Vida de Praia disse...

Aproveito para confessar também que gostava de o saber fazer e apreciar, mas a minha timidez leva sempre a melhor e torna essas situações potencialmente interessantes em momentos deveras desagradáveis.

Talvez as pessoas na Idade Média se conhecessem todas umas às outras ou pelo menos as famílias, não havendo assim estranhos no autocarro ; )

tikka masala disse...

Penso que o isolamento a que muitas pessoas estavam votadas, porque havia muito menos gente e poucas possibilidades de transportes e comunicações, levava a que todos aproveitassem cada oportunidade de encontro para comunicar. Se bem me lembro, foi mais ou menos isso que a professora quis dizer com a descrição dessa situação hipotética.

Isa Maria disse...

eu, em geral não me importo quando me falam. Acho até giro apreciar as pessao. Mas quando o humor está em baixo, que não me falem que não acho piada nenhuma a essa intromissaõ. Mau humor, tá a ver!

tikka masala disse...

Entendo. Mas já me aconteceu estar "em baixo" e uma conversa inesperada com um estranho levantar-me a moral. Ou porque me distraiu, ou porque me fez aperceber-me de que há vidas bem piores do que a minha!