As composições que os meus alunos escreveram este ano, sobre o tema da educação das crianças na sociedade de hoje, fizeram-me pensar. Foi uma experiência engraçada, sendo mãe, ler opiniões e “conselhos” – quase todos bem pertinentes e interessantes – de jovens que ainda não o são.
Depois de uma breve pesquisa na Internet, e tendo em conta a sua própria experiência como tios, amigos, vizinhos e estagiários em infantários, todas concluíam o mesmo: os pais de hoje tendem a ser demasiado permissivos e não hesitam em realizar os desejos dos filhos, quer estes sejam legítimos, quer sejam meros caprichos, para de certa forma os compensarem pela falta de tempo que passam juntos. É já um lugar comum dizer-se que estamos a assistir à passividade de uma geração de pais que obedecem aos filhos – uma opinião cujo teórico mais conhecido, para nós, Portugueses, talvez seja Javier Urra.
Eu, que tenho plena consciência dos erros que cometo – TODOS OS DIAS – com a minha filha, estou quase a ter outra criança. Ainda nem consegui remediar o mal que fiz até agora e já estou prestes a voltar ao início, certamente para repetir o padrão.
Há quem diga que reconhecer as próprias falhas é meio caminho andado para se melhorar. Mas eu não sou assim tão optimista. Embora não tenha o estilo de vida tão atarefado dos que não conseguem ser mais do que “baby-sitters” dos seus filhos, no ingrato horário das 20 às 8, o facto de trabalhar em casa leva-me, frequentemente, a dizer “agora não posso” quando ela me pede para brincar. Basta isso para que uma mãe se sinta culpada, penso eu, pela atenção que nega a um filho. E não é preciso mais do que algum dinheiro para depois lhes comprar uma felicidade enganadora, feita de brinquedos, ganchinhos, livros, jogos, bicicletas e roupa que, de forma alguma, contentam a criança.
Quando ela chega da escola e entra no seu quarto de sonho, olha em volta com indiferença e lamenta-se, aborrecida: “não tenho nada para fazer...!” E eu sinto uma pontada cá dentro que é mais do que frustração: é a plena consciência de que a culpa é toda minha e o castigo de ouvir isso é merecido.
2 comentários:
Não há pais perfeitos, o que é difícil de aceitar para o próprio.
Não há teorias de educação e pedagogia infalíveis, que tenham em conta todo o tipo de situações.
E francamente preferia que os meus pais tivessem sido mais permissivos comigo...
Não será essa queixa da tua filha, mais do que tudo, um convite para ires brincar com ela? ; )
Também eu teria preferido ter tido pais mais permissivos.
Não te culpes tanto, minha amiga.
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