Antes de mais, uma advertência sobre o uso desta palavra: sei que o Ciberdúvidas propõe inforexcluídos, mas eu acho que o “r” ali no meio não vai vingar. Ao contrário do que afirma J.N.H. (a propósito do termo “inforexclusão”), não creio que haja qualquer hiato em info-exclusão, dado que o “e” de “exclusão” não se pronuncia).
Mas vamos ao que me fez escrever hoje: tenho ouvido contar casos de professores(as) que prejudicam os seus alunos do ensino básico por realizarem trabalhos em casa que não se apoiam em pesquisas na Internet. Ou seja, mesmo quando o aluno em questão se preocupa em documentar-se com base em livros impressos, a sua classificação no trabalho é inferior (ao que seria justo, alvitro eu), pelo simples facto de a pesquisa não ter sido “virtual”.
Justificar-se-ão os professores com base na ideia de que um dos objectivos é que os alunos demonstrem capacidade para utilizar as novas tecnologias de informação. Ora, se não estou em erro, o Governo tem defendido uma política de combate à info-exclusão, alegando que procura criar condições para que a população em geral, e os alunos do ensino público em particular, tenham acesso às novas tecnologias.
No entanto, preterir ou desvalorizar a pesquisa bibliográfica, valorizando a pesquisa web é, a meu ver, um procedimento condenável por parte dos professores. Não apenas porque a informação obtida através de fontes bibliográficas é tão (ou mais, em muitos casos) válida do que a informação (muitas vezes anónima e levianamente) disponibilizada na Net. Mas também porque não é assim que se defende quem não tem computador ou Internet em casa, não é assim que se combate a info-exclusão. Pelo contrário, é assim que o Estado, ao compactuar com este tipo de objectivos de avaliação, prejudica ainda mais os info-excluídos.
3 comentários:
Não podia estar mais de acordo contigo.
O "engenheiro" e os seus bacocos acólitos não psaasm de uma cambada de ignorantes que, ainda por cima, se julgam sábios. Estão empenhados em modificar tudo, sem terem em conta as implicações. É certo que não se pode ficar parado à espera do óptimo. Mas o que está a acontecer é manifestamente exagerado e imprudente.
Perante tanta alteração, as pessoas que trabalham na máquina governamental acabam por se precipitar. E o resultado está à vista. Este é um caso paradigmático de como é fácil enveredar pela estupidez.
Continuo a preferir consultar uma enciclopédia autenticada do que a Wikipedia, que, segundo sei, não tem controlo de qualidade nenhuma, apesar de gira e dinâmica que é.
E uma pesquisa "tradicional" de literatura e bibliografia tem o que se lhe diga!... Estranha portanto é a sua desvalorização repentina, só porque mudámos de milénio... estas modernices, pá!...
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