01/09/06

SONS

















Há tempos escrevi uma crónica no meu outro blog sobre os cheiros da cidade.
Desde essa altura, tenho pensado nos sons.

Há sons que me desagradam, porque me impedem de me concentrar, ou porque acredito que vão perturbar o sono da minha filha.
A pior coisa que me podem fazer (em termos de sons, claro, e dentro das possibilidades do quotidiano), quando estou a adormecê-la ou a tentar dormir, é virem fazer barulho para baixo das janelas dos quartos. Infelizmente, acontece muito, sobretudo no Verão. Grupos de rapazes e raparigas com cães chatos que ladram por tudo e por nada, ou pessoas com crianças gritantes vêm plantar-se aqui por baixo, por ser um sítio recatado, com um bebedouro e um parque infantil. E o pior que me pode acontecer (ainda em termos de sons, porque este post é só sobre sons), quando estou a tentar trabalhar é ouvir um cão a uivar ou a ganir continuamente por estar fechado nalguma varanda.
Reparem que me refiro a sons e não a ruídos, porque de facto não considero que se trate de ruídos propriamente ditos. Na verdade, são sinais de presenças que certamente não incomodariam muita gente, mas que me incomodam a mim.
Mas há sons que me apaziguam, que me fazem sonhar ou simplesmente sorrir. As gargalhadas da minha filha, claro, os regadores da relva, à noite, a passagem de um comboio lá em baixo, junto ao rio, que só de longe em longe chega até aqui, ou, melhor ainda, aquele mágico chamamento dos paquetes que passam mesmo aqui à frente, convidando-me a fazer um cruzeiro (e eu sempre a ter de declinar o convite...). Curiosamente, até o tinir de pratos e talheres nas cozinhas alheias, quando passeio o cão à hora de jantar, me agrada.
Então o que está ali a fazer o pinheiro? – estão vocês a perguntar-se há umas boas linhas. Este pinheiro é uma das minhas fontes preferidas de sons agradáveis, quando passeio o cão. Não há dia em que não pare debaixo dele, a ouvir o vento a sussurrar nas agulhas. Fecho os olhos, debaixo da sua sombra fresca, e apercebo-me de que um dos meus desejos é ter um quintal para poder albergar um pinheiro assim, mansinho, musical. Já repararam que basta um pinheiro para recriar o ambiente de todo um pinhal?

4 comentários:

Anónimo disse...

O meu som preferido é o da máquina de café a avisar que o café está pronto. :-)

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Dulce disse...

Adoro os pinheiros.
Quando era garota adorávamos gritar, eu e o meus irmãos, no pinhal, e ouvir o eco.
E há o som do mar, que não se ouve na cidade. Não há nada mais apaziguante que o som do mar. Para mim, claro!

Vida de Praia disse...

Um post inspirado! Também detesto os sons incontroláveis que descreves, especialmente se o meu programa é outro e necessito de silêncio.
Também adoro o som do mar, e do vento, e até da chuva às vezes.

tikka masala disse...

Sim, claro, o mar... a questão é que eu me concentrei nos sons que me rodeiam no dia-a-dia e o do mar, infelizmente, não é um deles.