14/07/06

Sucedâneo serôdio

Hoje ia dando cabo da coluna (outra vez) a tosquiar o cão. Quando me pus em pé, ao fim de três quartos de hora dobrada a tesourar-lhe o pêlo, até vi estrelas. Tive de me ir esticar na cama para criar a ilusão de que podia remediar o mal já feito.
Depois dei por mim a recordar, com alguma saudade, os três dias que passei no hospital quando fui operada à coluna. Será possível?
Claro que, quando o hospital é privado, a experiência (em princípio) não é tão traumática. As enfermeiras e auxiliares sempre nos tratam um bocadinho melhor e as instalações são ligeiramente (muuuito ligeiramente) mais confortáveis, embora o ambiente seja igualmente depressivo, simplesmente porque se vê gente a sofrer por todo o lado.
Mas à partida ninguém gosta de estar internado num hospital, mesmo num privado. O que é que me leva a recordar a experiência com alguma nostalgia?
Na verdade, já quando lá estava me apercebi de que sentia um conforto melancólico e estranho, como se me estivessem a dar uma espécie de sucedâneo de carinho que me tivesse feito muita falta, há muito tempo, provavelmente na infância. Só sei que estar rodeada de gente a cuidar de mim me fez sentir bem. Mesmo num hospital.
Talvez isto seja triste. Talvez seja normal.

2 comentários:

Dulce disse...

:(
Eu acho triste. E infelizmente, normal!

Anónimo disse...

Normal é-o com certeza. Nem é questão que se levante. Afinal onde se situa a fronteira entre a normalidade e a anormalidade?
Nunca estive internado em hospitais. Em boa verdade, nunca estive verdadeiramente doente. Mas os hospitais sempre me deprimiram. Lembro-me que em criança, mal lá entrava, começava a chorar. Eu, que nunca fui muito disso (a minha mãe, após o meu nascimento levou-me ao médico porque eu não chorava)!