15/04/08

Vende-se tudo!

Embirro com lojas que supostamente vendem determinado tipo de artigo e que depois começam discreta e paulatinamente a expor para venda objectos que não se integram, de todo, no género da loja, até que se tornam autênticas quermesses, cheias de tudo e de nada que se aproveite.

Conheço, por exemplo, vários cabeleireiros que agora também vendem roupa, colares e brincos, artigos de cosmética e sabe-se lá o que mais. Numa rua aqui perto há uma papelaria paradigmática desse género detestável de "loja do chinês" não assumida: vende t-shirts do Benfica, do Sporting e do Porto, molduras, bibelots e porcariazinhas inqualificáveis (das quais o mais emblemático é um bonequinho com cara de quem viu um bicho mau, a segurar mini-tabuleta que diz "amo-te"), mas sempre que lá vou para comprar papel de lustro, papel vegetal ou cartolina, nunca têm nada disso. Em vez de papelaria, está visto, devia chamar-se merd....aria.
Um destes dias fui a uma estação dos CTT e fiquei chocada, ao constatar, enquanto esperava que fossem atendidas as 10 pessoas à minha frente (só 3 balcões em 10, como sempre, é que tinham empregados atrás), que os CTT estão cada vez piores. Há anos que se lembraram de vender cartões de felicitações, álbuns para selos, livros e porta-chaves. Mas agora conseguiram superar todas as expectativas do cliente mais imaginativo! Vendem livros infantis, bonecos, telefones, canecas, kits de sócio do Sporting, ou do Benfica, ou lá de que clube é que é, eu sei lá!... Atrás do balcão, havia tanta tralha para vender, que aquilo mais parecia uma feira.

Uma vergonha, acho eu. Mas devo ser só eu...

7 comentários:

Alecrim disse...

Não és só tu, não senhora. Se calhar, sem o poderem confessar, até os funcionários dos próprios C.T.T.

Pipa disse...

Sob pena de parecer fundamentalista, mas acredita que sem grande amor à camisola (sim, sou funcionária dos CTT, como sabes não das estações (da área comercial não percebo mesmo nada...), mas sim dos serviços centrais) gostaria de esclarecer a necessidade que a empresa teve de alargar a sua oferta de produtos. Aproxima-se uma realidade, a (muito) curto prazo, que nos vai tirar por completo a chamada "área reservada", da qual somos únicos donos e senhores. Falo da liberalização total do negócio do correio, que está para vir muito em breve. Concordo que alguns dos produtos comercializados nas nossas estações são algo... estanhos, para não dizer pior, e isto indo ao encontro do que disse a Alecrim. Sim, porque até os próprios funcionários às vezes estranham o leque de produtos oferecidos. E isso podemos confessar, a empresa nunca nos penalizou por isso. A realidade é que, mesmo estranhando, os funcionários que estão ao balcão têm que vender, quer gostem ou não. A realidade é que os CTT tiveram que se virar para outras áreas de negócio, que não as correspondências, para conseguirem sobreviver no futuro. Estamos a falar de uma mega empresa, com cerca de 15 mil empregados. Empresa essa que, se não apostar no futuro, nas novas tecnologias (ViaCTT, phone-ix), na bilhética, no alargamento da sua gama de produtos e serviços (produtos financeiros de investimento, pagamento de contas, etc.), corre o sério risco de se deixar ficar para trás arrantando, consigo, esses 15 mil funcionários e respectivas famílias (estamos a falar de cerca de 100 mil pessoas dependentes dos CTT, mais coisa, menos coisa). Concordo plenamente contigo ao estranhares (e no meu caso mesmo censurar) a venda de kits de sócio dos vários clubes, canecas e afins. Isso sim, nada tem a ver com a área postal, e nisso te dou toda a razão.
Bom, já me alarguei muito na resposta, espero ter esclarecido algumas dúvidas... Ah! E quanto à estação ter apenas 3 postos a funcionar em 10, tens toda a razão para reclamar, pois trata-se uma questão de gestão da própria loja onde te dirigiste. Tens todo o direito de o fazer, e acho que deves fazê-lo sempre que sentires que não foste bem atendida.
Beijos!

Vida de Praia disse...

Acredita que não és só tu: também detesto e evito mer...darias, essas lojas e estabelecimentos que vendem de tudo um pouco.
E nem comeces com os CTT e afins: os de cá têm tanta bugiganga e tanto stand de vendas disto e daquilo que mal há espaço para se estar enquanto se espera... ;-S

tikka masala disse...

Com todo o respeito pelos funcionários da empresa, Pipa, duvido que essas bugigangas de que falei sirvam para que ela sobreviva a longo prazo.

Pipa disse...

Concordo plenamente contigo (e já o referi num comentário anterior) ao afirmares que algumas das bugigangas referidas não contribuem de todo para a sobrevivência da empresa a longo prazo (eu própria nunca as colocaria à venda nas estações), mas há outras que já contribuem (rede móvel, caixa postal electrónica, etc.), acredita! E outros (novos) serviços de interesse público que estão para ser lançados também!
É nisso que temos que apostar, e não nas canetas, canecas, livros, CDs e outros. Há pouco só estava a tentar explicar o tal alargamento da oferta de produtos, o que não significa que concorde com ela, ou com a forma como foi lançada, e muito menos ache que seja a melhor forma para cativar/fidelizar novos clientes, entendes? É tudo uma questão de (mau) marketing...
Bjs

Anónimo disse...

Tem razão. Os CTT estão transformados em algo que não se sabe bem o que é. Modernices por dentro e, por fora, os marcos do correio estão fechados.

Maria João Resende disse...

Não, não és só tu. Então no outro dia, quando a funcionária que estava a atender me começou a tentar vender uns postais para não sei o quê, fiquei sem palavras! Não faltava mais nada...
Quanto aos correios, a ameaça é grande e os tempos que se aproximam não são fáceis, mas podiam, por exemplo, investir num serviço mais rápido e eficaz, para que não fosse um verdadeiro sacrifício ir às estações dos correios. Criarem pelo menos uma caixa de atendimento rápido, onde pudesses fazer registos e coisas simples, e não tivesses de esperar por quem vai pagar facturas, e receber reformas. Ou pensarem serviços que pudessem ser relevantes para a comunidade envolvente, em vez de vender postais, livros e berloques que há em qualquer super ou hipermercado.