Confesso que tenho uma forma predominantemente pessimista de ver as coisas.
Ontem apresentei um concurso de língua portuguesa em plena festa de finalistas do instituto, porque a direcção entendeu que as duas iniciativas deveriam ter lugar no mesmo dia, no mesmo local.
Para mim, não era a melhor opção, mas fiz o meu trabalho o melhor que pude, juntamente com uma colega.
Apesar de termos tido uma prestação, no meu entender, bastante positiva, a assistência estava impaciente e não gostou, sobretudo, que tivéssemos anunciado um empate e querido fazer mais perguntas às 3 pessoas que haviam ficado em 2º lugar. Fui vaiada quando disse ao microfone que era preciso desempatar o resultado e mal consegui fazer as 5 perguntas às 3 concorrentes, enquanto os finalistas, zangados com a espera, faziam barulho em sinal de protesto.
Depois de termos conseguido apurar os vencedores e de lhes termos oferecido os prémios, saímos finalmente dali, exaustas e tristes.
Hoje de manhã, no nosso blogue dedicado à língua portuguesa, ainda houve alguém que teve a gentileza de deixar um comentário depreciativo, atacando gratuitamente a minha colega.
Nestas coisas, como em tantas outras, é impossível trabalhar sem amor à camisola. Foi muito duro sermos assim expostas à má-criação e à incompreensão de um público desinteressado. Foi angustiante sabermos que os vencedores iriam receber prémios modestos e talvez até indesejados, e não os prémios que gostaríamos de ter podido oferecer-lhes. Foi difícil sairmos de lá de cabeça erguida e sorriso na cara, depois do que se passou. A única coisa que nos valeu foi a dedicação com que sempre trabalhamos e a confiança que ainda vamos tendo no que fazemos. Mas custou muito, se custou!
Por isso, hoje, quando alguém me dá os parabéns e comenta que «correu muito bem» tenho vontade de chorar.
12 comentários:
Fiquei tão triste - e revoltada -por ti :-S
Se pessoas formadas ou a caminho disso têm esse tipo de atitude mal-educada e de afronta para com quem se esforça e faz o seu trabalho com brio e seriedade, esse país está perdido!...
Admiro-te pela maneira como continuas a manter tanto amor à camisola :-)
Querida professora Sara. Ambas estiveram bem. Infelizmente, estamos num pais onde muita gente nao quer saber mais e melhor, e de facto ambas foram e continuam a ser fundamentais para a formação de muita gente.
No concurso estiveram muito bem, ao mais alto nível.
Eu também reparei no imenso barulho que os finalistas fizeram, nem nós vos conseguíamos ouvir.
Os prémios foram bons, e isso também não importa. Agora o mais importante de facto é que houveram bastantes faltas de respeito pelas pessoas que mais deram a cara por um projecto tão nobre. Só por isso são ambas vencedoras. Quanto aos barulhentos, só mostraram que são mau formados e que não têm qualquer respeito por nada nem por ninguém.
Mas de qualquer modo, o torneio correu bem.Professora obrigada por mostrar esse enorme amor à camisola.
Obrigada professora. Um grande beijinho e força.
Obrigada, Ângela. Eu compreendo que, para muita gente na festa, o nosso Torneio era indesejado. Por isso mesmo, talvez, me senti tão triste por estar ali a "estragar a festa" dos outros, sem poder no entanto evitá-lo.
O seu comentário surpreendeu-me, nem sabia que conhecia este blogue... estou de lágrimas nos olhos, porque me comoveram as suas palavras. Muito obrigada. E parabéns pela sua conquista!
Deixei-te um mimo na sacola... ;-)
sarita, esses alunos malcriados sabem lá o que é rir até doer a cara e os cantos da boca : D
bem podiam ter ficado em casa, sentadinhos no sofá, a escrever com kapas e a ler legendas de filmes de acção. é a kultura!
tu é que merecias um prémio pela persistência. parabéns!
Faço minhas as palavras da Papel Químico...
Imagino como te sentiste e fico tão triste por ti!
Mas isso passa já já.
Olá professora!
Não é hábito meu vir ao seu "cantinho", mas hoje tive de vir e comentar.
Desde já lhe dou os parabéns (e não é para chorar!)pelo fantástico Torneio de Língua Portuguesa.
Não estou a dizê-lo por ter sido o 1º lugar, mas sim porque iniciativas como estas à poucas. Neste sentido, penso que como as pessoas não entendem isso, decidiram assobiar e afins...não estão habituadas à falta de cultura :D
Professora, os meus sinceros parabéns pelo Torneio e continue a trabalhar por amor à camisola, sempre!
Uma beijinhos grande
Já eu confesso que tenho uma forma predominantemente optimista de ver as coisas, por isso, o que vi foi alguém que ao que parece conseguiu organizar um torneio de Língua Portuguesa num estabelecimento de ensino onde abundam idiotas malcriados ... e isso parece-me de louvar. Depois percebi que em vez de ficar em meias tintas, houve quem tivesse oportunidade de se sagrar vencedor, e quem tivesse percebido que para a próxima tem de se esforçar ainda um bocadinho mais.
A seguir, fui espreitar o insulto no blogue da tua colega, e o que vi foi um ou dois comentários idiotas e uma enorme torrente de carinho, de reconhecimento. Não vos conheço, não faço a mais pequena ideia de nada do que vos rodeia, mas podes crer que pelos comentários das vossas alunas fiquei a perceber que vocês são professoras que marcam a diferença, e os alunos. E isso é cada vez mais raro e difícil. Muito provavelmente, sem os comentários idiotas não teriam conseguido descobrir a importância que têm para os outros ... os que verdadeiramente gostam de vocês.
E isso não me parece razão para lágrimas, verdade?
É o que dá ser pessimista! Obrigada a todas, pelas vossas palavras. Realmente, vistas pelos meus olhos as coisas pareciam péssimas, mas afinal parece que não foi bem assim. E aprende-se sempre. No próximo ano, não só há muita coisa que pode ser melhorada no concurso, como eu própria devo começar a ser mais confiante e a dizer que não aceito sujeitar-me a determinadas condições.
Ora bem! Assim é que é :-)
Olá professora,
como sua ex-aluna, sua admiradora, amiga e também como finalista que esteve presente nesse dia, nessa mesma festa do isec, considero que teve toda a razão em sentir o que sentiu e em reflectir aqui a sua crítica e desagrado.
No entanto, é verdade que senti como muitas outras colegas minhas que aquela festa não foi nossa..como pensámos que seria mas isso não foi o torneio que estragou, foi a organização em si. Quando ao desagrado face aos finalistas acho que essa ideia não deveria ser assim tão generalizada (não li com agrado algumas denominações aqui referidas aos alunos, pois também sou aluna, mas cada um é livre de expressar...) uma vez que o barulho começou do público.. e uma vez que nem todos os finalistas protestaram. No entanto compreendo a sua posição..
Tanto os meus familiares, que estavam de uma lado, e eu, que como finalista estava do outro, achámos a ideia do torneio muito dinâmica e interessante para o público em geral. E claro, as duas professoras souberam, cada uma com uma função diferente, dar dinamismo ao momento que foi bem passado e ao mesmo tempo divertido.
Continue com o seu gosto, dedicação, talento, vontade..e siga em frente=)
Beijinho, com amizade*Ana Filipa Santos
Filipa, tanto quanto posso perceber, aquilo que se chama aqui aos alunos só se aplica àqueles que foram mal-educados, não a todos em geral. Obrigada pelo seu comentário e pela sua amizade.
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