Há dias recebi um ficheiro Powerpoint sobre a nossa pequenez no Universo, como fotografias que nos fazem ver bem o minúsculo tamanho da Terra perante estrelas como o sol, ou outras ainda maiores. "Pensa nisto", dizia-me o texto.
Quase todos os dias, nós, que temos e-mail, somos bombardeados por mensagens que apelam aos nossos sentimentos ou à nossa inteligência, que nos lembram disto e daquilo, que nos atafulham a cabeça de informação que, na maior parte dos casos, deixa de ser relevante porque a frequência com que a recebemos, ou o "embrulho" estético em que é apresentada tornam o conteúdo banal ou secundário.
Estou-me a lembrar também, por exemplo, de uma sucessão de imagens de africanos famintos com acessórios de moda caríssimos, cujas legendas consistiam na comparação entre o preço exorbitante desses acessórios e a módica quantia necessária para alimentar ou vacinar aquelas pessoas. Vemos coisas dessas, ficamos sensibilizados com a ousadia do artista que concebeu aquela ideia, com a beleza cruel das imagens, finalmente, com a ideia que veiculam, mas depois voltamos à nossa vida. Nem deixamos de comprar objectos supérfluos, nem fazemos uma transferência para uma conta de ajuda humanitária. Ou fazemos?
A era da Informação (ou desinformação, como também lhe chamam), torna-nos ainda mais hipócritas, penso eu. Mas, perante a nossa incrível insignificância neste momento da história do Universo, parece que isso nem sequer importa.
4 comentários:
Nem imaginas como detesto esse tipo de emails manipuladores. Apago-os de imediato. Ora, por essa ordem de ideias tudo é insignificante e irrelevante, incluindo os tais africanos famintos. Desculpa o cinismo; concordo que temos uma responsabilidade social e humana, mas se há coisa que me irrita é mesmo sentir-me manipulada. Porque quem manda emails desses bem podia vender o seu computador de onde os enviou para comprar mantimentos para os pobres, em vez de chatear... :-S
Acho que tens toda a razão.
Universo que não tem fim,
E está sempre a aumentar.
Imagino cá para mim,
Os deuses sempre a mingar.
Fernando Vouga
Já dizia o Álvaro de Campos:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso,
tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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