05/01/08

Conversas de mulheres

Quando estou com outros casais, detesto ver-me de repente "empurrada" para o grupo das mulheres e excluída da conversa dos homens, que se me afigura sempre como mais interessante, ou pelo menos mais divertida do que a das mulheres.
Não sei se é da nossa faixa etária, se é delas, se sou eu (até posso ser eu, tenho de admitir), mas a verdade é que quando estamos juntas só falamos dos filhos e das tarefas domésticas. Os homens, pelo contrário, mesmo que tenham sido pais há pouco tempo, mesmo que ajudem na lida da casa, raramente (ou nunca) desperdiçam o tempo em que estão juntos para contar uns aos outros como planeiam lavar os tapetes da sala, quanto pagam à empregada, ou quais as últimas travessuras queridas dos seus rebentos.
Dou por mim a dizer que sim com a cabeça sem estar a ouvir o que elas dizem, enquanto olho para eles e tento perceber de que é que os homens estão a falar. Quando tenho uma oportunidade, salto para o lado deles e tento entrar na conversa. Mas depois é inevitável sentir-me uma intrusa, uma metediça. E tenho quase a certeza de que eles ficam de orelha murcha, porque o facto de estar ali uma mulher os impede de falar como gostam dos assuntos de que gostam.
O facto de falarmos tanto das nossas facetas de mães e donas de casa pode estar relacionado com o evidente condicionalismo que nos aprisiona a todas: é que, de facto, vemo-nos a braços com uma série de responsabilidades que nos ocupam quase todo o tempo e partilhá-las é uma forma de nos sentirmos apoiadas e de trocar saberes. Mas, caramba! Também lemos, assistimos a programas de entretenimento e cultura, temos opiniões sobre política, sobre a sociedade, temos ideias e sonhos que vão para além da vidinha doméstica, não? Então porque não falamos sobre isso?

4 comentários:

Luís Alves de Fraga disse...

Não fala, porque as mulheres deixam que o mundo seja dos homens; porque os homens são naturalmente competitivos pela positiva (quero dizer, vaidosos); porque as mulheres são competitivas pela negativa (quero dizer, queixosas); porque, culturalmente, ainda estamos a meio do século XX, por muito que se diga o contrário.
Não me pergunte se concordo. Só lhe digo que à minha mulher - que se queixa do mesmo - respondo: «Entra na conversa, impõe-te».
Ela não entra. Não se impõe.

Alecrim disse...

eu falo...

Vida de Praia disse...

Estou contigo! Eu também não tenho paciência para falar da vidinha doméstica - nem de outros temas típicos a conversa feminina: dietas, moda, sapatos, falar-mal, o que vinha na VIP ou na Lux, etc., etc. É talvez uma das razões pelas quais sempre tive mais amigos rapazes, creio...

Isa Maria disse...

eu assino por baixo o seu texto, se mo permitir claro. Mas a nossa vida diária é tão atribulada com as compras a comida, os miúdos que quase parece inevitável falar com as outras que sentem o mesmo que nós.
jinhos meus