Quem, como eu, tem uma “personalidade forte” (eufemismo para mau feitio), já terá chegado à mesma conclusão a que eu chego muitas vezes: somos injustamente mais simpáticos para os desconhecidos do que para as pessoas que nos são mais próximas – o que é lamentável.
As pessoas que nos aturam todos os dias, que gostam de nós, que nos amam apesar dos nossos defeitos, são, naturalmente, as que mais merecem ser tratadas com carinho, respeito e boa educação. Mas em vez disso, porque nos sentimos à vontade com elas, levam com a nossa teimosia, a nossa antipatia e a nossa má criação.
É raro, mas às vezes acontece: dou por isso e arrependo-me. Envergonho-me. Apercebo-me de que, no fundo, para quem vive comigo, sou má companhia. Não tenho aquela graça, aquela amabilidade, aquelas qualidades que os ingénuos (que me conhecem mal) pensam que eu possuo.
E então faço um esforço por ser boa companhia - o que, por incrível que pareça, significa, de certa forma, fingir que mal conheço a pessoa que está à minha frente.
2 comentários:
Todos temos os nossos dias... ;)
Não te preocupes, isso também me acontece imensas vezes, mas temos que tentar desvalorizar! Já pensaste que nem sempre o problema está em nós? Nós é que temos sempre a tendência para nos culparmos de tudo...
Não creio que seja mau feitio ou que maltrate as pessoas que lhe são mais próximas.
Eu revi-me no seu texto, mas penso que por vezes exigimos demais das pessoas que mais amamos.
Queremos que eles sejam perfeitos, relacionamo-nos com eles de uma forma mais profunda, queremos que eles sejam uns super-homens.
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