28/11/07

Reviver o passado em Algés

Uma cara conhecida, uma voz querida.
Alguém que aparece e traz luz consigo. Melhor: traz um mundo inteiro: não o daqui, que de repente desaparece, mas o que era meu - nosso - há vinte anos. O nosso outro mundo, aquele que já não volta, onde já não é possível viver. O dos saudosos anos oitenta. O da nossa juventude.
Alguém que vem de lá, de repente, surpreendentemente, como se tivesse atravessado uma parede na minha frente. Igual, ou muito pouco diferente. Porque tem o mesmo olhar, a mesma presença alegre, tranquilizante, amiga.

"Estás igual!" - dizemos um ao outro, tentando enganar-nos, como se os anos de silêncio entre nós nunca tivessem existido. Como se o peso da vida que correu de lá para cá não nos tivesse vergado. Bem vistas as coisas, o que interessam as rugas, quando se tem a alegria de retomar a conversa interrompida há tantos anos?

Vontade de ficar horas assim, em ameno diálogo, como se tivéssemos recuado até lá, que se tornou aqui. Não importa onde, nem com quem estamos. Só importa a sensação de que não se perdeu nem um grão da nossa amizade, que afinal, sem nos darmos bem conta disso, trazíamos toda nos bolsos.

1 comentário:

Alecrim disse...

Ainda há pouco me aconteceu reencontrar assim uma amiga. Tão bom! :)