TEORIA
PRÁTICA
Passada esta primeira provação, mais de meia hora depois, começo a mostrar-lhe os animais que se escondem por trás dos muros e redes, procurando seguir o percurso mais interessante e variado. Não tarda, ela pede a maçã que eu lhe tinha levado e, enquanto come, vai perdendo o entusiasmo pelo passeio e andando cada vez mais devagar, até que começa a dizer que está cansada e que quer ir para casa.
A multidão que deambulava à nossa volta parecia bem mais animada. Davam comida a todos os animais, apesar dos pedidos em contrário, afixados em locais bem visíveis. “Ó mãe, também quero dar uma folha à girafa!”, pede-me ela. Explico-lhe que não pode ser, que as outras pessoas estão a proceder mal. O interesse que ainda lhe restava esvai-se com este meu moralismo inoportuno. Evito os olhares desdenhosos dos outros, que me ouviram criticá-los.
Arrasto-a pelos caminhos, esforçando-me em vão por lhe dar informações curiosas sobre os animais. “Olha aquela mamã orangotango, com um filhote ao colo!” Quando ela olha, os dois animais, deitados e de costas, parecem um rolo de carpete cor de laranja. “Olha aquele lince tão bonito!” Mas o bicho tem um ar triste... e parece apenas um gato sobrealimentado.
Compro-lhe um gelado e descansamos um pouco. Mas ela não quer comer o gelado que escolheu. Obrigo-a, depois de me zangar. E enquanto estamos sentados, ela só pensa em ir embora para casa.
Por fim, anima-se com... um parque infantil. O parque infantil mais caro onde já pôs os pés! Espero pacientemente, mas as miúdas que lá estavam fazem-na magoar-se no balancé, tal a força com que o movimentaram. Enquanto ela choraminga, levo-a até aos pelicanos, pois está quase na hora de as tratadoras os alimentarem. Ela parece mais contente, voltando a sorrir, com aquela divertida, mas curta exibição. E eis que estamos perto da saída do jardim. Mas eu estava decidida a fazer daquela uma experiência inesquecível. E a fazer valer os quarenta euros que gastara! Afinal, faltavam apenas vinte minutos para o espectáculo da baía dos golfinhos, que estava incluído no preço dos bilhetes. Ouço outro pai dizer ao filho, que também mostrava sinais de cansaço: “Sabes, para estarmos aqui gastámos muuuuito dinheiro. Por isso, agora vamos cá ficar até termos visto tudo o que há para ver!”
Quando chegamos à baía dos golfinhos, a multidão já ocupava quase todas as bancadas. Felizmente, ainda conseguimos lugares lá em cima, bem longe das colunas de som. Durante o espectáculo, dei de mamar ao Vicente e mudei-lhe a fralda duas vezes, enquanto me maravilhava com a beleza e a paciência de leões marinhos e golfinhos. “Ó mãe, aquele menino tem o mapa que eu também tenho! Podes dar-me?” Ela distraía-se com tudo, menos com o que era suposto apreciar. Eu só sabia repetir, já com visível irritação: “Vê o espectáculo! Olha! Agora! Não estavas a olhar!”
Quando acabou, foi um alívio para todos.
CONCLUSÃO
6 comentários:
eu sempre tive de arrastar os meus filhos para ir ver o que quer que seja e lá vão correndo bem essas saídas. No entanto, por vezes, tenho a noção que não deveria ter insistido...mas se não fosse assim, eles não me saíam da televisaõ, computador e jogos.
Parabéns pela beleza do seu bébé.
Também tenho a noção de que deveria "passear" mais as minhas filhas para que elas possam ver o mundo. Para minha vergonha, confesso que, inconscientemente, há sempre um motivo para adiar ou não o fazer: ou está muito calor, ou está a chover, ou está frio, ou uma delas está constipada, ou o que pretendo ver está a abarrotar de gente.... desculpas idiotas para ficar em casa ou dar "o passeio dos tristes" à volta do quarteirão...
:-D
Clássico! Mas o que valeu foi a intenção em parte pedagógica e em parte de dares prioridade a passarem tempo juntas. E talvez a miúda até se tenha divertido lá à sua maneira com qualquer coisa inesperada - o que disse a Mecas sobre a ida ao zoo? (o Calvin, do Calvin & Hobbes costuma de gostar mais das embalagens do que dos brinquedos...)
Tens razão, Vida de Praia. Eu acho que ela até gostou, mas à maneira dela. Em casa fez um desenho dela com o pai e uma zebra!
Estás a ver...? ;-)
ainda não percebi se gostou ou não da ida ao zoo.. Vi que não gostou de ter dado 40€ nos bilhetes, mas pensando bem até está bem barato tendo em conta que está tudo incluído no bilhete (teleferico, comboio, baía dos golfinhos, etc)! Se for até ao Zoomarine paga 20€ por pessoa só para ver animais marinhos (leoes marinhos e golfinhos) e aves, quando no zoo paga 15€ por pessoa para ver uma vasta diversidade de animais (mamiferos, anfibios, aves, repteis, etc). Neste país sabe-se criticar tudo, mas nunca se sabe ver o bom das coisas. Concordo plenamente com o dinheiro que pedem: 1º porque os animais precisam de comida, e acredite que eles gastam MUITO dinheiro em comida - é só pensar que, por ex: um leão come aproximadamente 5 kg de carne por dia (e se a carne está cara para as pessoas que comem menos que isso por dia, veja os felinos todos que o zoo tem e faça as contas....); 2º eles têm que pagar a muitos tratadores (que recebem o ordenado minimo); 3º o zoo tem veterinários (que estão sempre a tratar dos animais.. sim, porque há certas pessoas que decidem dar pipocas, gelados ou outras porcarias aos animais e atiram tanto lixo para as instalações deles que eles ficam doentes - alguns chegam mesmo a morrer!); 4º no Inverno o zoo está quase vazio e eles não têm como gerir o tão pouco dinheiro que recebem SÓ nos meses de Julho e Agosto (que é quando as pessoas decidem ir ao zoo); e 5º o Jardim Zoológico de Lisboa está a renovar TODAS as instalações dos animais para que eles tenham mais espaço e para que se pareça mais com o seu habitat..! Resumindo: TUDO ISTO CUSTA DINHEIRO! NADA É DE GRAÇA, por isso PAREM DE SE QUEIXAR e deem o dinheiro de boa vontade!
Adorei a parte em que diz que não deu comida às girafas, está de parabéns! é das (muito) poucas pessoas que se recusa a alimentar os animais com comida que não é a indicada para eles.
meu mail: visto que não tenho blog e não sei se irei conseguir encontrar este outra vez deixo-vos o meu mail: gemeas86@gmail.com - se alguem quiser comentar o q disse aqui está à vontade...
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