Ontem estive, de passagem, no bairro onde morei desde que nasci até aos 30 anos. Sorri para algumas caras familiares, falei com duas ou três pessoas que já me conhecem há muitos anos e vim-me embora de lá com a mesma sensação que sempre experimento quando isso acontece: sinto-me feliz por não ter mudado.
Parece-me que essas pessoas, que me revêem ao fim de muito tempo, têm na cara um ar de admiração (no puro sentido da surpresa) por constatarem isso mesmo: que eu permaneço igual ao que sempre fui. Isto pode parecer estranho a muita gente, mas a verdade é que eu sinto uma espécie de orgulho quando me apercebo de que, realmente, me mantenho fiel a mim própria. Outras pessoas aderem às modas, aparecem com um visual radicalmente diferente, arranjam uma nova maneira de estar e de falar, surpreendem-nos com opiniões e teorias que antes juraríamos impossíveis nas suas cabeças. Eu continuo na mesma. Apenas um pouco mais velha, talvez mais gordinha, mas continuo com a mesma postura despreocupada, com a mesma maneira de ser, algo juvenil e talvez mesmo inocente.
Mas ontem, pela primeira vez, dei por mim a questionar-me sobre esta minha satisfação por ser assim, sempre igual. E se a minha maneira de ser não for boa e eu devesse mudar? Para quê esta estúpida teimosia em ficar na mesma, este incompreensível orgulho em não evoluir?
1 comentário:
E para quê mudar o que é bom? : ) Mudança por mudança, evolução por evolução a meu ver é perda de tempo.
Eu também me sinto igual ao que sempre fui, mas talvez um nadinha mais extrovertida.
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