O tema é delicado. Mas se eu não escrever nem falar, como hei-de desabafar?
É nestas alturas que detesto ser professora, quando os alunos vêm ter comigo para saber se há alguma hipótese de eu reconsiderar a nota que tiveram, como se fossem meros peões e eu andasse a brincar com a vida deles, atribuindo-lhes a classificação que me apetece. Quando me vêm explicar que tiveram problemas, alguns muito graves, e que por isso não puderam dar o seu melhor. Quando me confrontam com o facto de eu ter sido a única a dar-lhes nota negativa, como se isso me tornasse automaticamente – ainda que só um nadinha – injusta. Quando olhares suplicantes e caras tristes me parecem querer transmitir que, se falharam, é porque eu também falhei.
E sei que falhei.
Falhei em ter sido simpática, quando não é essa a função de um professor. Falhei em ter dado demasiadas oportunidades a quem as confundiria com facilitismo, falhei em ter acreditado que o respeito que me era devido não tinha de ser por mim cultivado. Falhei em não ter aprendido com a experiência anterior, em não ter mudado de atitude, como prometera a mim própria no início do ano. Falhei redondamente. É essa a conclusão a que chego sempre, mas todos os anos cometo os mesmos erros.
2 comentários:
Parece-me que esta opinião á demasiado redutora. Porque há, pelos vistos, vários falhanços.
Mas, mesmo acreditando que o panorama é assim tão negro, há um aspecto muito promissor. É que, ao contrário dos falhados, a autora deste blogue reconhece os seus "erros". O que é mais que meio caminho andado para que tudo melhore.
O problema dos falhados tem muito a ver com a sua incapacidade para reconhecer as suas culpas. Preferem arranjar bodes expiatórios.
Quem falhou é quem não teve para se esforçar durante o ano e depois no fim do ano vem pedir ”batatinhas”.
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