21/12/06

Tive uma visão


Estou calma e sinto-me bem.
Vejo o lado bonito, agradável, tranquilo da ocasião.
A minha filha está feliz e isso é mais de meio caminho andado para que eu me sinta feliz também.
A casa está bonita, quente e confortável. As pessoas à minha volta mostram-se contentes, excitadas como crianças. Não é impossível deixar que o pensamento salte sobre o momento e começar já a pensar no depois, na trabalheira, no cansaço, no tempo perdido. Mas é completamente desnecessário e inoportuno. Para quê?
A comida é saborosa e ninguém se esquece de elogiar a cozinheira. A troca de presentes decorre com a euforia do costume. Como se gravitasse sobre as cabeças dos outros, observo tudo à minha volta e quase me abstraio do que está a acontecer, sucumbindo à tentação de conjecturar sobre o futuro, ou simplesmente de me evadir para outro lado, onde possa estar só.
Puxo uma orelha imaginária, numa reprimenda gentil, que me obriga a encarar a confusão de falas, de cores, de gestos, de risos, mas sentindo-me parte desse todo caloroso, enérgico, positivo.
Concentro-me no momento presente: olho os meus familiares nos olhos e descubro neles uma luz, uma vida em que nunca tinha reparado, pelo menos de forma tão consciente. Eles são bons. Eles gostam de mim. Eles estão dispostos a abraçar-me, se eu deixar. Já tinha pensado nisso? Mas não é altura para me censurar.
Uma lágrima turva-me a vista. Dou um salto à casa-de-banho e sorrio ao espelho, enquanto deixo que ela se liberte. Atrás da primeira, caem mais três ou quatro. E sabem bem. Salgadinhas, como eu gosto.
Volto à sala e sorrio. De imediato, alguém sorri para mim. Apercebo-me do efeito contagiante (porque não mágico?) do sorriso, da simpatia, da boa disposição. Tem de ser genuína, claro. E afinal é fácil deixar as sombras esvaírem-se para trás dos móveis, com a luminosidade, o calor do encontro. E é surpreendente ver como todos, mais do que em qualquer outra época do ano, se esforçam por agradar e por ser felizes.
Independentemente de acreditar que Jesus era filho de Deus, sei que isso vale a pena.
Vai ser assim, este Natal.

2 comentários:

Anónimo disse...

e que visão.. =) desejo-lhe que a sua noite de natal seja assim como a visualizou. Feliz Natal*Beijinho

Anónimo disse...

O Natal é como a felicidade. Cada qual faz dele o que quiser. E, no seu caso, acho que a sua opção é a melhor de todas.