Trabalhar com alguém cordial sabe tão bem, que até apetece fazer render o trabalho, para que a conversa se prolongue.
A boa educação, infelizmente, é uma qualidade cada vez mais rara. A falta de tempo e de paciência fazem-nos comunicar uns com os outros apenas para dizer o que é necessário, economizando palavras e simpatia. Em casa ou no trabalho, o que é preciso é despacharmo-nos a cumprir todas as tarefas, para depois podermos descontrair, afundados em cansaço ou letargia.
Não devíamos, mas muitas vezes esquecemo-nos de dizer por favor e obrigada, de sorrir, de tratar os outros como se tivéssemos imenso prazer em estar com eles. Mesmo que assim não seja.
Hoje, tive o privilégio de trabalhar durante uma hora com uma pessoa que não se esquece de nenhuma dessas gentilezas no trato com os outros. Alguém que, por mais atarefado que esteja, tem sempre tempo para a cortesia. Felicitou-me por estar com bom aspecto, falou sempre a sorrir, fez apartes humorísticos, analisou as minhas sugestões com atenção e delicadeza, mesmo quando não concordava com elas. Explicou-me coisas que eu já deveria saber, sem no entanto ser minimamente paternalista ou pedante, elogiou-me quando fiz observações pertinentes e, no fim, ainda fez questão de me oferecer um chá.
É preciso ver que se trata de uma pessoa importante, da qual, por essa razão, se poderia esperar o oposto: arrogância, falta de humildade, antipatia – defeitos que muita gente desenvolve quando atinge um estatuto de superioridade social, seja profissional, financeira ou intelectual. Não faltam por aí exemplos de pessoas que não fazem nada de jeito e tratam os outros como se fossem idiotas, escravos ou desgraçados. Talvez por isso me tenha encantado ainda mais a sua cordialidade.
Dei por mim a pensar se não haverá no seu passado, na sua educação, uma ou várias razões que expliquem a sobrevivência da sua postura exemplar, apesar do sucesso. Será por pertencer a uma geração anterior aos liberais anos 70? Será por ter vivido muitos anos no estrangeiro? Será por ter tido exemplos igualmente excelentes de pais, familiares, amigos, professores? Será uma questão de personalidade?
Seja como for, é um prazer conhecer alguém assim. E uma lição, é claro.
6 comentários:
Diz muito bem: "uma pessoa IMPORTANTE". Porque as outras, arrogantes, mal educadas e por aí fora, não o são.
Só uma dica: trabalhar no estrangeiro ajuda muito...
Isso sei eu!... Por isso mesmo é que me lembrei dessa circunstância como uma das possíveis razões para um comportamento infelizmente tão raro entre nós.
penso que viceu uma situação um pouco rara entre nós, mas temos de ser nós tb a dar o exempli e não só esperar dos outros.
A educação e cortesia é um problema que está directamente relacionado com a auto-confiança que se tem. Claro que os chamdos «princípios» ajudam muito, tal como os contactos, mas o fundamental é acreditar em nós mesmos.
É bom cruzarmo-nos com pessoas assim.Tão diferentes de outros, cujo pretenciosimo e arrogância, os transforma em pequenos e míseros seres...
Poderás mesmo dizer que é um bom dia para ser a sortuda usufruidora de uma rara cordialidade e simpatia da parte de uma pessoa bem educada, bem disposta, humilde e paciente : )
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