Lembram-se do truque de falar ao telefone para não termos de aturar aquelas pessoas chatas que nos vêm impingir coisas à entrada do hipermercado?
A mim custa-me, de facto, estar sempre a dizer “não, obrigado” – sobretudo quando a pessoa que me impinge seja o que for já me conhece, porque ali passo várias vezes. E há outra coisa que me chateia: são aquelas chamadas telefónicas em que me pedem para falar comigo («Gostaria de falar com a Dona tal...), ou com a dona da casa, ou com a pessoa que cá em casa usa mais a Internet, e depois começam com grandes rodeios a dizer que estão a falar da empresa tal e que querem fazer-me uma proposta muito aliciante, blá-blá-blá... e o jantar ao lume!
Um dia, estava eu a queixar-me de que sou uma palerma, porque fico a ouvir, em vez de dizer logo que não quero nada, quando alguém me deu uma belíssima ideia: assim que pedem para falar com a Dona tal, dizer simplesmente «sim, só um momento» e depois deixar ficar ali o telefone, fora do descanso, até que do outro lado se cansem de esperar. É um truque um bocadinho mauzinho. Mas fica ao vosso critério usá-lo ou não... Eu cá, agora, quase que desejo que telefonem a chatear!
5 comentários:
Então o telefone já tocou?! Era giro experimentar essa manobra não só com quem quer impingir algo, incluindo os que dizem que ganhámos um prémio a que nunca concorremos e que tem de ser levantado antes de dia x, se podem contar com a nossa presença?, mas também com os que escolhem os nossos melhores momentos de lazer para telefonar a fazer sondagens da tanga que supostamente só demoram 3 minutos ; )
Isso é mau, Tikka. :-) Tens de ganhar coragem e dizer «a dona de casa que mais usa a Internet e mais chamadas telefónicas faz está ocupada demais a "donar" a casa, a navegar na Internet e tagarelar ao telefone com as amigas para responder a este questionário!»
Jaime
www.blog.jaimegaspar.com
Não quero estar no «contra», mas... há coisas que devemos saber.
Acaso sabem que um desses funcionários chatos, que telefonam às horas mais impróprias, que não nos largam a "labita" de maneira nenhuma, é pago por hora com cerca de 1 (um) euro e que, em muitos casos, tem contrato de trabalho temporário de 15 (quinze) dias? E que, se não conseguir vender x número de produtos é posto no olho da rua? Que trabalham em verdadeiros galinheiros, com controladores impiedosos que só lhes dão 12 (doze) minutos de intervalo ao fim de 4 (quatro) horas de actividade? Que, no final do mês, trazem para casa qualquer coisa como 320 (trezentos e vinte) euros? Que é dos trabalhos mais desgastantes, razão pela qual, em regra, só o fazem durante 4 (quatro) horas diárias?
Pois é, estamos em plena globalização, em pleno neo-liberalismo o que equivale a dizer, na máxima exploração do trabalhador.
Felizes os que têm um ordenado superior a 1.000 euros por mês e um contrato garantido!
Até conhecer de perto a realidade que vos contei, eu também era capaz de fazer umas maldades a esses chatos. Agora, delicadamente, respondo:
- Não, muito obrigado, mas não estou interessado. Compreendo que queira vender-me o seu produto, mas eu não necessito. Peço desculpa, mas tenho de desligar.
E acabo com o telefonema.
Estamos num mundo que, cada vez mais, nos pede que olhemos à volta com olhos de compreensão. Se não o fizermos somos coniventes com a injustiça implantada pela globalização.
Peço desculpa pelo tempo que vos tomei... se é que me leram até ao fim!
Claro que lemos até ao fim!
Compreendo a sua posição, mas também compreendo a minha. Eu NÃO dei o meu número de telefone a essas pessoas que, por mais desumanas que sejam as suas condições de trabalho, podiam ter escolhido outro emprego. E detesto, sobretudo, que me desliguem a MIM o telefone na cara sem dizer boa tarde, quando eu finalmente me consigo fazer ouvir, dizendo que não estou interessada no que me tentam vender. Isso acontece muitas vezes. E se acabamos por dar gorjetas, por aturar vendedores a por comprar produtos que não queremos, somos, também nós, vítimas desta sociedade injusta.
Eu cá continuo a dizer-lhes: «Não perca tempo. Nem sequer estou interessado em saber o que tem para me dizer.» Ou outras evasivas do género. Um dia, a umas "fornecedoras de bíblias" que bateram à minha porta, depois de me dizerem que traziam uma mensagem do deus delas, eu respondi: «coisas desse género só trato com o próprio».
A ideia de pendurar o telefone é excelente mas fica a linha ocupada.
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