Quando eu me fartei do outro blog, um amigo felicitou-me por ter deixado de escrever aquele tipo de artigos, sistematicamente críticos e maldizentes (que eu própria, de resto, sentia serem demasiado negativos e pouco simpáticos para muito boa gente). Decidi, a partir de então, procurar ser menos crítica dos hábitos e gostos alheios e mais tolerante nas minhas opiniões.
Há dias, quando me queixei de não ter encontrado ainda um tema, uma ideia, para escrever uma espécie de livro (ou lá o que fosse, para usar a expressão do Jaime), outro amigo sugeriu que eu encontrasse alguma coisa com a qual não estivesse de acordo e que escrevesse “contra” ela, como, segundo ele, recomendava João Gaspar Simões.
Entendo que um posicionamento desses possa conduzir a uma escrita rica e dinâmica, sobretudo se as críticas em que se baseia forem construtivas. Faz todo o sentido, quando temos uma preocupação social e acreditamos que podemos contribuir para um mundo melhor, escrevendo sobre o que está mal e como poderia ficar bem. Tudo depende do que se critica, claro. Criticar é fácil, ser “do contra” é do mais banal que há, embora propor alternativas viáveis àquilo que se condena já não seja para todos.
A minha tendência natural para me indignar com os comportamentos alheios, para me queixar de tudo o que me desagrada nos outros, não me tem levado propriamente a construir nada de positivo, apenas a desabafar umas lamúrias frouxas e monótonas que não contribuem para que o que está realmente a precisar de mudar mude de facto.
Portanto, conclui-se o seguinte: antes de mais, vou tentar pensar duas vezes antes de condenar os outros. Depois, para já, vou deixar a escrita de romances (ou lá o que for) para o Jaime, que está cheio de pedalada. Não desistas, J!
8 comentários:
Permita-me um conselho. Escreva o que a sua consciência lhe ditar como mais conveniente.
A Tikka tem um estilo leve, incisivo, claro, bem dirigido. Deixe que os assuntos sejam os que forem, críticos ou não críticos, do contra ou do não contra.
Porquê?
Porque o acto da escrita é, acima de tudo, pessoal; os que a lerem formarão um juízo e terão uma opinião... O problema é deles, caso contrário passa a jogar o jogo do velho, do rapaz e do burro.
Não sei se concorda, mas é a minha opinião.
Obrigada. Concordaria em pleno, se as suas palavras fossem dirigidas a outra pessoa. Conhecendo-me como me conheço, creio que de facto preciso de aprender a ser menos "contra" tudo.
Eu sinto tb que é sempre mais fácil ser conta tudo e que requer constantes exercícios de moderação da minha parte não enveredar sempre por esse mesmo caminho.
Boa sorte nos exercícios - por enquanto estás a sair-te muitíssimo bem neste blog.
Eu cá concordo com o Luís Alves de Fraga.
Por outro lado, bem sei que às vezes precisamos de rever certos hábitos, principalmente se começamos a sentir-nos pouco confortáveis com eles.
Mas eu sempre gostei de ler os teus textos todos, os deste e os do outro blog.
É pá, sou mencionado duas vezes no post, sou mais popular do que nunca! Não devia ter uma legião de miúdas atrás de mim?
Jaime, O Popular
www.blog.jaimegaspar,com
Dulce, obrigada. Um beijo para ti!
Jaime, desejo-te a maior sorte. Mas nunca soube de legiões de raparigas que andassem atrás de escritores. Tu sim? ;-)
Tal os Dupond et Dupont, eu diria mesmo mais: o que é preciso é ter qualquer coisa para dizer...
Ai que desgraça! No texto anterior eu queria dizer "Tal como os Dupond..."
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