Há um sentimento ambivalente que eu nutro pelos leitores deste blogue que nunca o comentam.
Por um lado, fico muito feliz quando me dizem que me têm lido, que costumam visitar esta página. Tenho vontade de lhes agradecer encarecidamente, embora nunca o faça, por pura vergonha. Fico extremamente satisfeita ao verificar que, afinal, não tenho apenas aqueles seis ou sete leitores que deixam a marca da sua presença, que felizmente há mais algumas pessoas (amigas ou desconhecidas) que gostam de ler o que escrevo.
Por outro lado (lá vem o senão...), quando amigos e conhecidos me fazem essa inesperada revelação, tenho vontade de perguntar: «tu lês o meu blogue? Ninguém diria... porque é que nunca comentas os textos?!» Como se quem lê sem comentar andasse dissimulado, e deliberadamente optasse por calar a voz que o levaria a comentar, só para passar despercebido. Ou seja, essas pessoas deixam-me desconcertada e, tenho de admitir, algo triste e insatisfeita.
Claro que isto não faz qualquer sentido. Alguns de vós até já se deram ao trabalho (obrigada!) de me explicar pacientemente que os leitores de livros também não os comentam, que as pessoas têm o direito de ler, apenas, que podem não ter nada para dizer, ou podem simplesmente não querer expor o que pensam, ou até mesmo não saber como. E é claro que eu própria tenho de admitir que não deixo comentários em todos os textos que leio (embora tenha esta mania parva de deixar a prova de que li o post, às vezes até com um comentário desenxabido, que mais valia ter guardado para mim...).
«Lá estás tu a criar um aspecto negativo numa coisa boa!» – Dir-me-ão os que me conhecem melhor. «Em vez de ficares contente pelo facto de lermos o teu blogue, tens de arranjar um motivo para que isso não seja totalmente bom.»
(Às vezes gosto de fazer este exercício, que é imaginar alguém a falar comigo, a contrapor-me uma outra visão das coisas, a obrigar-me a reflectir sobre o que sinto e penso.)
«Afinal, o que é que te incomoda? É o facto de não poderes controlar as visitas? De não saberes se leram ou não leram? De não saberes o que pensam do que escreves? De ficares na dúvida sobre o facto de concordarem contigo ou não? Escreves só para seres aceite?»
Bolas. Talvez este exercício seja duro de mais para fazer em público...
Enfim, caros amigos silenciosos, e após este desabafo, aceitem as minhas desculpas. Continuem a não comentar o que eu escrevo e a vir aqui sem que eu saiba. Eu tenho de aprender a lidar com isso! E muito obrigada por me quererem ler.
10 comentários:
Ai, como eu conheço bem esses sentimentos em relação aos leitores silenciosos dos blogues... como assídua leitora do meu, já deves ter reparado que no espaço de dois meses já tive 300 e tal visitas, mas que só 2 ou 3 pessoas é que vão comentando. Entretanto já muita gente (várias surpresas entre elas) me veio dizer que o lê regularmente (porque entretanto a novidade do blogue tem ido de boca em boca), que o acha muito interessante, divertido etc, mas que não sabem o que comentar, ou não estão inspirados etc etc etc. Fico-lhes grata por perderem tempo a ler as minhas parvoíces, mas ao mesmo tempo com pena de não se criar um diálogo.
E também já passei por essa fase de me perguntar porque o escrevo afinal. Cheguei à conclusão que é por três razões: porque me obriga a desenferrujar a língua materna; porque é divertido escrever o que penso; e porque mais divertido é quando vocês comentam e às vezes até me desafiam.
Enfim... já que estamos numa de perguntas, será que somos nós que não sabemos/conseguimos ficar caladas e temos compulsivamente de escrever comentários sobre os posts nos blogues que lemos?
Obrigada por leres o meu e por lá deixares a marca da tua presença!
P.S.: Máquina fotográfica nova? : )
Que bom, o teu comentário! Obrigada. Entendo o que dizes e acho que sim, tens razão, como sempre :) E parece-me que os meus motivos para escrever são os mesmos que os teus.
A máquina velha foi para arranjar, uma nova por enquanto está fora de questão. Mas ainda tenho umas boas centenas de fotografias antigas que posso aproveitar, como esta, que tirei em Agosto de 2005 em Porto Moniz, na Madeira.
E agora senti-me compulsivamente levada a voltar a marcar presença para saberes que li o teu comentário ao comentário ; )
Ainda para aí tens material fotográfico para dar e vender.
Porto Moniz parece valer a pena visitar. Ainda não conhecemos a Madeira.
Cara amiga, relaxe e divirta-se com as pessoas que mais a estimulam nos aspectos que sabe que para si são importantes. A vida sem a nossa influência já pode ser significativamente complicada. Não fique triste ou insatisfeita com situações tão pouco importantes. Não deixe que essas insatisfações resultem numa relação não correspondida consigo própria. Bem haja.
Caro anónimo, muito obrigada por ter marcado presença, ainda para mais com um comentário tão sábio. Acertou "na mouche"! Vou ler e reler as suas palavras, até me convencer de que, realmente, isto não é assim tão importante!
Cara Tikka:
Como uma dessas leitoras anónimas (mas não dissimuladas), devo comunicar-te que acompanho o teu blog com regularidade, não tendo por hábito fazer quaisquer comentários (embora já antes o tenha feito, se não me engano ainda no outro blog).
Muitos dos leitores são isso mesmo, leitores, não são escritores, como tal não sentem o impulso de passar as ideias ao papel, mesmo quando a leitura do teu blog lhes desperta interesse. No meu caso, nunca tive um espírito analítico e ordenado que me leve a fazer qualquer actividade (excepto as obrigatórias, como o emprego), de forma sistemática, pelo que a participação neste blog, ou noutro qualquer, será sempre esporádica. Por fim, há ainda outros motivos como a falta de tempo (uma coisa é ler o teu blog, e inúmeros outros que acompanho regularmente, outra é escrever um comentário coerente e relevante a cada coisa gira que leio neles).
Resta-me ainda dar-te os parabéns pelo blog, do qual gosto muito e que, como já terás percebido, costumo ler.
nunca pus a questão nesse estado. Gosto que comentem mas se não o fazem lá tem as suas razões concerteza. Venho aqui várias vezes e não comento. Hoje tinha mesmo de ser, senão levava nas orelhas!!!
Que alegria, ler os vossos comentários! Considero-me uma privilegiada por ter tido a honra de receber aqui as vossas palavras e compreendo o vosso silêncio. Obrigada por terem-no quebrado desta vez!
Agora que vocês escreveram e que pude constatar a minha felicidade em ter a prova de que me lêem, vejo que me tenho guiado pelo princípio do "ler para crer", ou seja, só consigo acreditar que tenho leitores quando eles escrevem comentários a provar que existem! No fundo, os comentários fornecem-me a "certeza" que, no que toca aos livros impressos, é dada pelo número de vendas. Mas claro que é bem mais fácil comprar um livro do que escrever sobre ele!...
Penso que os comentários são muito importantes porque dão vida à ligação autor/leitor. E, além do mais, a indiferença acaba por ser pior que a sensura.
Mas agora aproveito para comentar a fotografia. Tirada de Porto Moniz em direcção a São Vicente.
Portugal é muito bonito não acham?
Enviar um comentário