26/09/06

POSITIVAMENTE, ASSIM NÃO!

Se eu ando bem disposta e gozo de boa saúde, se gosto do meu trabalho, se até às vezes me atrevo a dizer (embora só quando estou sozinha), que sou feliz, porque é que arranjo sempre um problemazinho, um senão, uma contrariedade, uma desvantagem para contrapor às coisas boas que me acontecem na vida?
Alguém pergunta: «Está-se bem aqui, não está?» e eu respondo logo: «Sim, mas...» e depois qualquer coisa inconcebível como «é pena aquela garrafa ali a boiar no rio» ou «Só é pena o cheiro...»
Estamos juntos, abraçados, a desfrutar de um momento de sossego na companhia um do outro. Ele comenta, sorrindo. «É tão bom estar assim!...» E eu saio-me com esta: «Tsk! Pois é, mas eu tenho roupa para estender e é preciso levar o cão à rua!»
Como é possível?!
Quando não estou atenta, a frase que digo mais vezes por dia é “Que chatice”. E a seguir, costuma vir uma lamúria qualquer, tipo: a aula correu-me mal, não sei o que hei-de fazer para o jantar, tenho uma tradução para acabar, ou, simplesmente, tenho tanto que fazer!...
E no entanto, sou feliz.
Sou feliz porque gosto de me queixar? Sou feliz só enquanto houver preocupações? Sou feliz quando não está tudo bem?
Quando alguém me aconselha a deixar-me levar pelas boas sensações, porque elas são “o que se leva desta vida”, eu ainda sou capaz de responder que isso é uma ilusão, porque não levamos nada desta vida!
Quantas vezes é que vai ser preciso os outros chamarem-me à atenção por ser tão (desnecessariamente) pessimista? Quanto tempo vou demorar até perceber que a minha atitude só serve para chatear os outros? Quantos posts vou ter de escrever sobre o mesmo assunto até me curar? De quantos comentários vou precisar para perceber que isto assim NÃO resulta?!

4 comentários:

Dulce disse...

Eu já te disse o que penso: RELAXA.
Sobretudo, não exerças violência sobre ti para mudares, porque
é a pior forma de conseguir mudar... se conseguires. Trata-te com carinho, sorri das tuas limitações, muda devagarinho o que precisares, mas sem violência e sem desamor.

tikka masala disse...

Dulce, obrigada. Penso que isto é genético, a sério. Mas agradeço-te do fundo do coração pela tua amizade e paciência. E como só tenho o teu comentário, um só vai ter de servir para eu conseguir mudar! :D

Vida de Praia disse...

Creio que sofres do caso infelizmente não raro do "too good to be true" - é bom demais para ser verdade eu ser uma pessoa feliz; mais vale precaver-se, pensar no pior para não se ficar desiludida ou para estar preparada para todas as eventualidades. Tem vantagens, mas acho que o stress que causa se sobrepõe. A Dulce tem razão: o melhor a fazer é relaxar mesmo. O "mas", se tiver de vir, virá quer tu penses nele quer não, e às vezes não vem ; )

tikka masala disse...

Se um era bom, dois é excelente :D