Todos somos mais ou menos assim, suponho: gostamos que os outros aprendam a fazer as coisas à nossa maneira, porque nos parece que é a melhor, a mais lógica, a mais prática, a mais eficaz. Eu de certeza que sou assim. Não gosto de ser, mas admito que sou.
E este capricho pode ter requintes. Eu também sou requintada, na forma como uso uma retórica elaborada para convencer os outros, pela argumentação, de que devem realmente adoptar os meus métodos, escolher as opções que eu sugiro. Quem mais sofre, já se sabe, é o marido. Mas agora tenho o espelho caricatural à minha frente: vira-se o meu feitiço contra mim própria e vejo-me obrigada a sentir na pele o que ele sofre comigo.
O desafio do dia de ontem foi vencer a vontade persuasiva da minha mãe, que se manifestava nas mais diversas pequenas conversas, que se insinuava em todas as opções. Falhei simplesmente porque, quando as minhas escolhas coincidiram com as dela, senti que tinha cedido, e não que se tratara de uma coincidência. Realmente, ela convenceu-me a fazer o que ela queria. Não fui almoçar fora, como tinha planeado, porque ela achou que não era boa ideia. E tive de admitir que ela tinha razão.
Depois, uns amigos vieram passar a tarde connosco e queríamos levá-los a jantar fora. Éramos uma espécie de anfitriões da zona, que eles não conheciam de todo. A minha mãe avisou: «se querem ir jantar ao Saraiva, têm de marcar mesa!» Mas quem disse que eu queria ir jantar ao restaurante preferido dos meus pais? Claro que, para eles, é o melhor da região. Mas eu nem sequer gosto de lá ir. Falei aos meus amigos nas diferentes opções e eles ficaram com vontade de experimentar, precisamente, aquele com o qual os meus pais “embirram”. Senti-me como uma verdadeira rebelde por marcar mesa lá. E depois, com a inocência possível, convidei os meus pais a virem connosco. «Nem morta!» Respondeu ela prontamente. Era isso que eu queria ouvir.
Games people play...
2 comentários:
Games people play. Um livro que já tive e que não encontro em casa. Nem nas livrarias mais cotadas. Mas, nestas crónicas tipo diário, os jogos estão lá! Muito bem observado. Mais um capítulo para o tal CD...
Pelos vistos andas a aprender imenso nessas tuas férias, ou talvez a reviver momentos que pensavas que não voltariam mais : ) Ó mãe, o quanto irritas! Essas pequenas rebeldias só fazem bem.
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