Acordámos com a inevitável pergunta da nossa filha («Já posso ir para a piscina?»), repetida até à exaustão, ou seja, até ao momento em que já não nos foi possível continuar a murmurar uma resposta evasiva e a virarmo-nos para o outro lado.
Fomos à mercearia da esquina comprar pão fresco e tomámos o pequeno-almoço no pátio. Irritei-me com ela por ter feito uma birra sem motivo e ter entornado o iogurte líquido por cima da mesa. Desnecessário, tudo. E não se pode desfazer uma zanga, mesmo uma zanga parva em plenas férias. Restou-me continuar a tentar que o espírito da tranquilidade levasse a melhor sobre mim.
Passámos o dia na piscina, só os três. Almoço de sopa, tostas e fruta. Foi bom podermos fazer tudo à nossa maneira, enquanto os meus pais não chegam à casa que é deles: pôr loiça a escorrer por cima da loiça que já estava seca, deixar pingas de água no lavatório, espalhar as toalhas desirmanadas pelas cadeiras piscina e comer na mesa mal posta, só com o essencial. Liberdade e sossego plenos.
Por volta das quatro, eles chegaram com os meus sobrinhos. Começa o desafio de partilhar o espaço com donos da casa (que além de serem exigentes ainda têm confiança e à-vontade para nos “desancar” à menor falha). Arrumei o quarto, a cozinha, tentei dar à casa o ar que ela tem quando eles cá estão, para que se sentissem bem. Ainda entalei um dedo numa cadeira, ao armá-la lá fora, para eles verem quando chegassem. Mas como estava sozinha, pelo menos pude praguejar!
Enquanto a nossa filha dormia, descobrimos uma ligação wireless deprotegida e fiquei contente por poder continuar a escrever aqui. Vamos a ver quanto tempo dura esta sorte...
Agora apetece-me ir ao bar da praia beber uma imperial para dar as boas-vindas à noite e às férias como deve ser. Mas, estupidamente, sinto que não devo. A minha mãe vai certamente precisar de ajuda para preparar o jantar e sentir-se-á “abandonada”.
É estranho, estar de férias e não poder estar descontraída. Sinto-me como se tivesse de andar em bicos dos pés, permanentemente com mil cuidados, para não acordar uma fera que estivesse a dormir ao meu lado!
3 comentários:
Boas férias! :-)
Jaime
www.blog.jaimegaspar.com
Obrigada e bem-vindo de volta, Jaime! Eu vou continuar a vir aqui de vez em quando.
Excelente relato do primeiro dia de férias! E do autêntico desafio que é passar férias na casa de outrém, especialmente família. Quando fico em casa da minha mãe é assim mesmo: as manias dela não se compatibilizam com as de mais ninguém e se não é à maneira dela, facilmente se exalta. E eu para evitar chatices e mau humor - pelo menos quando me topa : ) - faço as coisas à maneira dela. É um stress por vezes angustiante.
Mas estás de férias, e se o bar/a piscina/o ar livre te chamam, devias aproveitar : ) Boas férias!
Enviar um comentário