23/07/06

TEORIA DA TANGA SOBRE A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE





Confesso que sou uma adepta incondicional das teorias da tanga.
As teorias da tanga são avançadas por pessoas que, tendo bastante tempo livre, decidem ocupá-lo de uma das formas mais nobres: pensando. São teorias de formulação rápida (algumas são quase instantâneas), pelo que não exigem demasiado do cérebro; ajudam a desenvolver a capacidade de argumentação (mais do que a de raciocínio) e fornecem temas praticamente inesgotáveis de conversa, quase sempre mais interessantes, sem dúvida mais originais, do que outros tão desgastados como o do futebol, o da crise ou o do tempo atmosférico.
E um destes dias, como é meu hábito, inventei uma teoria da tanga, desta vez relacionada com a construção da personalidade, que passo a explanar. E desde já agradeço todos os vossos comentários, no sentido de confirmar ou refutar esta pseudo-teoria.
A minha teoria de construção da personalidade baseia-se no facto de haver essencialmente quatro grandes factores que a influenciam, de forma diferente, conforme a idade. Dos 0 aos 12 anos, a personalidade do indivíduo constrói-se, essencialmente, sob a influência do meio familiar. Há aspectos e tendências que são herdados dos progenitores e outros que são adquiridos por assimilação de padrões, através da convivência com os membros da família imediata e da chamada “educação”, ou seja, dos hábitos e valores que lhe são incutidos dentro do meio familiar. A partir dos 12 anos, e essencialmente até aos 22 (e embora o meio familiar continue a ter alguma importância na formação da personalidade), surgem dois outros: o meio escolar e o meio dos amigos, que se vão tornando progressivamente mais importantes. O meio escolar incute valores e padrões de comportamento que influenciam a personalidade através do hábito e da necessidade de integração social. O meio dos amigos também influencia a personalidade em virtude da necessidade de integração no grupo, e torna-se dominante sobretudo porque é o meio eleito pelo indivíduo, no sentido em que este opta conscientemente por se deixar influenciar por este meio, muitas vezes por envolver valores e comportamentos contrários aos do meio familiar, do qual o indivíduo se pretende libertar. Finalmente, entre os 22 e os 32 torna-se mais importante a influência do meio laboral, que é o último a afectar a construção da personalidade do indivíduo. Com efeito, mesmo depois de nos tornarmos adultos, a nossa personalidade ainda sofre alterações em função das nossas experiências nos primeiros anos em que temos um (ou mais) emprego(s) e nos vemos obrigados a adaptar a nossa maneira de ser às necessidades que o mundo do trabalho nos impõe. É uma fase da vida em que descobrimos que, afinal, ainda éramos ingénuos e ainda tínhamos muito que aprender.
No gráfico o peso de cada meio na formação da personalidade é atribuído independentemente da fase da vida em que o indivíduo se encontra, em termos globais.
E esta é, essencialmente, a minha teoria da tanga sobre a formação da personalidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou totalmente de acordo com a sua teoria.....tenho 2 filhas na (sua!) faixa etária de 12 aos 22 anos e de facto a escola e os amigos pesam muito na construção das suas personalidades.Acho que é esta a fase mais importante.
Uma vez mais demonstra uma estraordinária capacidade de ver, pensar e escrever sobre tudo o que a rodeia.
Oleber

Anónimo disse...

Não me parece tão "tanga" como diz. Não sendo propriamente uma tese de doutoramento, o que refere é muito pertinente e está muito bem observado.
Mas gostaria de saber o que se passa depois dos 32 anos...
Quando a autora fizer 66 anos, que me diga qualquer coisa sobre o assunto, que eu ficarei à espera para a ler.
Combinado?