06/07/06

MULHERES EDUCADAS

“Infelizmente as mulheres educadas retardavam a hora de serem simplesmente mulheres.”

Sérgio de Sousa, Trilha Encoberta, vol. III, Lisboa, Editorial Escritor, p.28.


Muitos casamentos, segundo consta, falham porque as mulheres (“educadas”) não se permitem esta “liberdade” de serem “simplesmente mulheres”, de se despirem de preconceitos e ideias antiquadas, de se libertarem de receios e de se empenharem em descobrir e amar o seu próprio corpo.
Sobre nós, mulheres, recai uma pressão social muito mais autoritária e auto-mutiladora do que sobre os homens. Muitas acabam por desprezar o seu corpo por terem gordura, celulite, pêlos, etc., “atributos” naturais e quase sempre inevitáveis que os homens, pelo contrário, se podem dar ao luxo de cultivar (quantos são os que realmente têm vergonha da sua barriga ao ponto de fazerem os mesmos sacrifícios que as mulheres fariam?), ou pelo menos de ignorar.
As mulheres que não amam o seu corpo, porque não conseguem ser como as modelos que a sociedade lhes atira à cara dezenas de vezes por dia, acabam por não conseguir amar livremente os homens com quem vivem, por se inibirem perante a sua própria nudez e por terem receio de ser rejeitadas.
E são muitas as mulheres que não têm nem metade do prazer que, ainda assim, se esforçam por proporcionar aos seus maridos. Mas, naturalmente, se não são felizes, não conseguem fazê-los felizes. E como o assunto é delicado, não falam sobre ele com ninguém, nem mesmo com a maior parte das amigas.
Ontem falei pela primeira vez sobre este assunto com uma amiga. E depois li esta frase do Sérgio de Sousa, que me fez sorrir. Porque, após a conversa, me pareceu que entendia muito melhor as implicações daquela afirmação.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem observado. Mesmo no mundo dito ocidental e democrático as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer no sentido da igualdade. E muita da culpa vem da religião que por cá vigora, em que a Mulher ainda é fonte do pecado e aliada do demónio... É por isso que tenho uma especial simpatia por muitos dos povos africanos que vivem em sociedades matriarcais. À mulher é reconhecida a "magia" e o poder de gerar novos seres humanos.

Dulce disse...

Pois.
Sentidamente, e apenas "pois"...