Passam-me às vezes ideias tão parvas pela cabeça! (Espero que também vos aconteça...)
Acreditam que eu acredito que a posição em que durmo está relacionada com a minha psique? Eu explico: tenho muita dificuldade em ficar cabeça virada para a frente, quando me deito de barriga para cima, à noite. Tenho sempre tendência para virar a cabeça para um dos lados, de tal forma que comecei a pensar que havia nisso um motivo qualquer. Cheguei à conclusão de que é por ter medo de enfrentar as coisas que me assustam na vida, como se essa incapacidade para olhar para o tecto de frente espelhasse incontestavelmente a minha dificuldade em lidar com os problemas. E acreditam que, apesar de ser uma ideia absurda, continua a fazer sentido para mim?
O concurso de língua portuguesa deixou-me envergonhada perante os pais das crianças do ensino básico, que receberam prémios inadequados, ou que não receberam prémio nenhum, quando podiam ter ido para casa com um certificado de participação e não foram, porque eu não o fiz. Por mais que me apeteça dizer que fiz o que pude, com os meios que tinha, sei bem que me podia ter esforçado mais. E é aí que me vejo à noite na cama, a virar a cabeça para o lado: ou seja, a inventar desculpas para me livrar da responsabilidade de tudo o que não correu bem.
Ontem fiz um exercício: obriguei-me a ficar deitada e a adormecer de cabeça virada para a frente, como que a invocar uma nova coragem para enfrentar o desafio de assumir essa responsabilidade. E não é que resultou? Não só consegui adormecer e voltar a acordar nessa posição, como hoje de manhã, ao encontrar o pai de uma das crianças vencedoras (a quem oferecemos livros tão desadequados, que eles pensaram que tinha havido um engano!), tive a decência de me dirigir a ele para lhe pedir desculpa e para lhe prometer que no próximo ano farei melhor. Ontem, quando o vi, evitei-o propositadamente. Mas hoje olhei para ele de frente! E soube-me muito bem encontrar esta pequenina dose de coragem em mim.
Por favor, alguém me diga que isto faz um mínimo de sentido!...
Se interessa para alguma coisa escrever e manter um diário virtual, esse interesse reside na possibilidade de ter quem responda e reaja às nossas confissões. Por isso, desde já agradeço todos os comentários!
23/04/08
21/04/08
DIA NÃO
Confesso que tenho uma forma predominantemente pessimista de ver as coisas.
Ontem apresentei um concurso de língua portuguesa em plena festa de finalistas do instituto, porque a direcção entendeu que as duas iniciativas deveriam ter lugar no mesmo dia, no mesmo local.
Para mim, não era a melhor opção, mas fiz o meu trabalho o melhor que pude, juntamente com uma colega.
Apesar de termos tido uma prestação, no meu entender, bastante positiva, a assistência estava impaciente e não gostou, sobretudo, que tivéssemos anunciado um empate e querido fazer mais perguntas às 3 pessoas que haviam ficado em 2º lugar. Fui vaiada quando disse ao microfone que era preciso desempatar o resultado e mal consegui fazer as 5 perguntas às 3 concorrentes, enquanto os finalistas, zangados com a espera, faziam barulho em sinal de protesto.
Depois de termos conseguido apurar os vencedores e de lhes termos oferecido os prémios, saímos finalmente dali, exaustas e tristes.
Hoje de manhã, no nosso blogue dedicado à língua portuguesa, ainda houve alguém que teve a gentileza de deixar um comentário depreciativo, atacando gratuitamente a minha colega.
Nestas coisas, como em tantas outras, é impossível trabalhar sem amor à camisola. Foi muito duro sermos assim expostas à má-criação e à incompreensão de um público desinteressado. Foi angustiante sabermos que os vencedores iriam receber prémios modestos e talvez até indesejados, e não os prémios que gostaríamos de ter podido oferecer-lhes. Foi difícil sairmos de lá de cabeça erguida e sorriso na cara, depois do que se passou. A única coisa que nos valeu foi a dedicação com que sempre trabalhamos e a confiança que ainda vamos tendo no que fazemos. Mas custou muito, se custou!
Por isso, hoje, quando alguém me dá os parabéns e comenta que «correu muito bem» tenho vontade de chorar.
Ontem apresentei um concurso de língua portuguesa em plena festa de finalistas do instituto, porque a direcção entendeu que as duas iniciativas deveriam ter lugar no mesmo dia, no mesmo local.
Para mim, não era a melhor opção, mas fiz o meu trabalho o melhor que pude, juntamente com uma colega.
Apesar de termos tido uma prestação, no meu entender, bastante positiva, a assistência estava impaciente e não gostou, sobretudo, que tivéssemos anunciado um empate e querido fazer mais perguntas às 3 pessoas que haviam ficado em 2º lugar. Fui vaiada quando disse ao microfone que era preciso desempatar o resultado e mal consegui fazer as 5 perguntas às 3 concorrentes, enquanto os finalistas, zangados com a espera, faziam barulho em sinal de protesto.
Depois de termos conseguido apurar os vencedores e de lhes termos oferecido os prémios, saímos finalmente dali, exaustas e tristes.
Hoje de manhã, no nosso blogue dedicado à língua portuguesa, ainda houve alguém que teve a gentileza de deixar um comentário depreciativo, atacando gratuitamente a minha colega.
Nestas coisas, como em tantas outras, é impossível trabalhar sem amor à camisola. Foi muito duro sermos assim expostas à má-criação e à incompreensão de um público desinteressado. Foi angustiante sabermos que os vencedores iriam receber prémios modestos e talvez até indesejados, e não os prémios que gostaríamos de ter podido oferecer-lhes. Foi difícil sairmos de lá de cabeça erguida e sorriso na cara, depois do que se passou. A única coisa que nos valeu foi a dedicação com que sempre trabalhamos e a confiança que ainda vamos tendo no que fazemos. Mas custou muito, se custou!
Por isso, hoje, quando alguém me dá os parabéns e comenta que «correu muito bem» tenho vontade de chorar.
15/04/08
Vende-se tudo!
Embirro com lojas que supostamente vendem determinado tipo de artigo e que depois começam discreta e paulatinamente a expor para venda objectos que não se integram, de todo, no género da loja, até que se tornam autênticas quermesses, cheias de tudo e de nada que se aproveite.
Conheço, por exemplo, vários cabeleireiros que agora também vendem roupa, colares e brincos, artigos de cosmética e sabe-se lá o que mais. Numa rua aqui perto há uma papelaria paradigmática desse género detestável de "loja do chinês" não assumida: vende t-shirts do Benfica, do Sporting e do Porto, molduras, bibelots e porcariazinhas inqualificáveis (das quais o mais emblemático é um bonequinho com cara de quem viu um bicho mau, a segurar mini-tabuleta que diz "amo-te"), mas sempre que lá vou para comprar papel de lustro, papel vegetal ou cartolina, nunca têm nada disso. Em vez de papelaria, está visto, devia chamar-se merd....aria.
Um destes dias fui a uma estação dos CTT e fiquei chocada, ao constatar, enquanto esperava que fossem atendidas as 10 pessoas à minha frente (só 3 balcões em 10, como sempre, é que tinham empregados atrás), que os CTT estão cada vez piores. Há anos que se lembraram de vender cartões de felicitações, álbuns para selos, livros e porta-chaves. Mas agora conseguiram superar todas as expectativas do cliente mais imaginativo! Vendem livros infantis, bonecos, telefones, canecas, kits de sócio do Sporting, ou do Benfica, ou lá de que clube é que é, eu sei lá!... Atrás do balcão, havia tanta tralha para vender, que aquilo mais parecia uma feira.
Uma vergonha, acho eu. Mas devo ser só eu...
Conheço, por exemplo, vários cabeleireiros que agora também vendem roupa, colares e brincos, artigos de cosmética e sabe-se lá o que mais. Numa rua aqui perto há uma papelaria paradigmática desse género detestável de "loja do chinês" não assumida: vende t-shirts do Benfica, do Sporting e do Porto, molduras, bibelots e porcariazinhas inqualificáveis (das quais o mais emblemático é um bonequinho com cara de quem viu um bicho mau, a segurar mini-tabuleta que diz "amo-te"), mas sempre que lá vou para comprar papel de lustro, papel vegetal ou cartolina, nunca têm nada disso. Em vez de papelaria, está visto, devia chamar-se merd....aria.
Um destes dias fui a uma estação dos CTT e fiquei chocada, ao constatar, enquanto esperava que fossem atendidas as 10 pessoas à minha frente (só 3 balcões em 10, como sempre, é que tinham empregados atrás), que os CTT estão cada vez piores. Há anos que se lembraram de vender cartões de felicitações, álbuns para selos, livros e porta-chaves. Mas agora conseguiram superar todas as expectativas do cliente mais imaginativo! Vendem livros infantis, bonecos, telefones, canecas, kits de sócio do Sporting, ou do Benfica, ou lá de que clube é que é, eu sei lá!... Atrás do balcão, havia tanta tralha para vender, que aquilo mais parecia uma feira.
Uma vergonha, acho eu. Mas devo ser só eu...
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