Falo sempre de mais nas lojas, com as empregadas (ou donas, é-me igual). Um impulso absurdo de me abrir com desconhecidos leva-me quase sempre a dizer o que não devo, porque não interessa a ninguém e nem sequer vem a propósito, ou vem apenas levemente a propósito, como eu costumo dizer.
Quero ser simpática, mostrar que até sou humilde, por detrás desta aparência um tanto fria e altiva que eu sei que tenho. Levo o Vi comigo e elas metem-se com ele. É o suficiente para eu começar a desbobinar inconfidências. E porquê? É a minha incontrolável necessidade de me dar a conhecer, a minha irritante tendência para falar por falar, a minha despropositada necessidade de agradar, ou tudo junto. E para quê? Para nada. Elas nem sequer ligam ao que eu digo! Confirmo que Montaigne tinha razão, há tantos séculos: ninguém nos ouviria se não estivesse à espera de oportunidade para falar a seguir.
5 comentários:
Não sejas tão dura contigo...
E fala o que te apetecer, pá!
Ai, quem me dera eu ter essa tua aptidão, diria até virtude, para a conversa fácil e despreocupada - eu perante estranhos e até semi-conhecidos tenho a tendência irritante de me fechar em sete copas. O que faz com que as pessoas não se lembrem de mim. Queres ver? Faz lá um esforço e tenta lembrar-te da primeira vez que me viste... aposto que não te vem nada à mente, porque eu estava calada, como é costume e não te dirigi palavra :-P Enquanto que eu me lembro muito bem de ti, porque conversaste bastante com o meu cara-metade nesse dia :-)
De facto, falaste pouco e ele, pelo contrário, pareceu-me bastante conversador. Mas isso não significa que não tenhas causado em mim uma impressão, que eu não tenha uma recordação vívida do nosso primeiro encontro. Aliás, também te foste revelando uma boa companhia, sobretudo ao jantar - o que ainda é válido como sendo a primeira vez que te vi!
E o facto de as pessoas se lembrarem de nós não significa que causámos boa impressão! :P
NAO PERCEBI NADA
... perdi a aposta ;-)
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