05/09/06

PARÊNTESIS

Antes de continuar, tenho de fazer um parêntesis: na fotografia, que foi mal escolhida para o texto anterior, mas era a única que tinha, estou no melhor de todos os casamentos a que já fui. Por isso mesmo, telefonei à minha amiga quando acabei de publicar aquele post a avisá-la e a pedir-lhe que não se zangasse comigo.

Na verdade, o que escrevi atrás não se aplica ao casamento dela, que foi muito especial, por muitas razões: fomos de propósito ao Brasil para assistir à cerimónia e passámos dias incríveis na companhia das famílias dele e dela, grande parte das quais não conhecíamos. Fomos acolhidos com a hospitalidade mais alegre, genuína e emocional que pode haver. Fizemos novos amigos para o resto da vida. Chorei como uma Madalena durante a missa, de pura comoção (e talvez também de raiva, por não ter querido viver um momento assim, como noiva, e ser tão feliz como ela, e fazer a minha família tão feliz como eles fizeram). Talvez nesse dia eu tenha conseguido deixar entrar em mim um pouco da beleza e da magia do casamento.

No final da cerimónia, cumprimentei os pais dele e dela e chorámos todos, porque eles viriam viver para Portugal e as famílias são, respectivamente, brasileira e belga. Como padrinho e melhor amigo do noivo, o meu marido seria uma espécie de protector do casal, no nosso país. Como únicos Portugueses no meio de tantos convidados, sentimos com orgulho a responsabilidade daquela oferta, daquela entrega: os pais confiavam em nós para olharmos pelos nossos amigos, para cuidarmos deles. Foi quase como se nós nos tivéssemos casado ali com eles também, num pacto de amizade.

Durante a festa, é claro que me senti cansada, que desejei livrar-me daqueles sapatos, do desconforto do calor. Mas a companhia era excelente. E quando todos se puseram a saltitar pela sala formando o inevitável comboio, eu diverti-me a filmá-los em vez de ficar a resmungar a um canto.

Se pudesse, repetiria essa viagem todos os anos, e todos os anos iria ao mesmo casamento. E em todas as ocasiões, sentir-me-ia feliz e comovida. Se isso fosse possível e de facto acontecesse, talvez daqui a uns tempos eu acabasse por escrever um hino aos casamentos!

3 comentários:

Luís Alves de Fraga disse...

Como não tinha lido este apontamento antes de colocar o meu comentário anterior, resta-me, agora, depois de o ter lido, dizer-lhe:
- Está a ver que, quase sem querer já começou a abordagem à análise da sua aversão aos casamentos! Mas atenção, nem sempre tudo o que parece (à nossa mente) na primeira explicação, é!
Somos terríveis para nos iludirmos na busca das verdades «mais verdadeiras»; o inconsciente e o subconsciente defendem-se da luz do dia, fugindo dela como o diabo da cruz!

Vida de Praia disse...

Ainda bem que tiveste oportunidade de ir a um casamento que significou tanto para ti. Esses, a meu ver, são raros...

Anónimo disse...

Nós nunca sabemos o que vamos encontrar do outro lado do oceano.
Alguns buscam o desconhecido, outros um novo amor, mas é com imensa admiração que tu atravessaste milhas e milhas para viver o "meu" sonho e para conhecer a tua nova familia brasileira, belga e futuramente portuguesa:))