10/07/06

GUINCHO

Ela nunca lá tinha ido. Qualquer praia lhe serve, claro, mas quando viu aquele mar de areia ondulada sorriu de entusiasmo. Também eu sorri, porque há muito tempo que não ia lá e então percebi que tinha tido saudades.
As dunas brancas, limpas e lisas, o vento quente e ainda não muito forte, a vegetação espigada, de um verde suave, dançando, convidavam-nos a tirar os sapatos e atravessar aquele deserto de brincar. Avançámos pelos montes e vales, nalguns sítios agradavelmente rígidos, de modo que mal se notavam as nossas pegadas, noutros marcados com riscas suaves desenhadas pelo vento, como se muitas cobras ali tivessem deslizado juntas. «Vamos, mãe! Vamos andar nas costas daquela baleia!», puxava-me ela, excitada. E eu consegui olhar para as dunas e ver baleias aos montes, andar sobre as suas costas e deitar-me sobre elas, como se fosse criança outra vez.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bonita descrição. :-)

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Dulce disse...

:-)
Belíssimo texto com que te reencontro, Tikka! Saudades tuas.

Anónimo disse...

A guinchar é que a gente se entende.

Dulce disse...

LOL: a guinchar é que a gente se entende!!! :))